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23/04/2002
-
04h53
do "El País"
Aos 73 anos e após a quarta tentativa, o líder da extrema direita francesa Jean-Marie Le Pen conseguiu passar ao segundo turno nas eleições presidenciais. Veterano da guerra da Indochina, o líder da Frente Nacional fez da xenofobia e do ultranacionalismo sua marca registrada na política. É um discurso que foi sendo absorvido pouco a pouco pela sociedade francesa, confrontada com altos índices de imigração, abalada pela insegurança dos cidadãos e castigada pelo desemprego.
Nas eleições de 1995, Le Pen tinha conseguido 15% dos votos no primeiro turno, mas ficou em quarto lugar, atrás de Chirac, Jospin e Balladur. Desta vez, porém, parece que o alto índice de abstenção e o afundamento do candidato socialista lhe permitiram alcançar seu objetivo, apesar de ter recebido apenas 17% dos votos.
Le Pen entrou na Assembléia Nacional pela primeira vez em 1956, aos 27 anos, tornando-se o deputado mais jovem da França, eleito por uma chapa intitulada União e Fraternidade Francesa.
Em 1982, fundou a Frente Nacional, cuja presidência ocupa desde então. O partido de extrema direita deslanchou em 1983, nas eleições municipais, num avanço confirmado um ano mais tarde, nas eleições para o Parlamento Europeu, quando o próprio Le Pen foi eleito deputado.
A Frente Nacional cavou uma divisão profunda no panorama político francês, baseada em duas idéias que transformou em seus slogans eleitorais: "a preferência francesa" e ""os franceses primeiro". Resumindo, é uma receita mágica contra o desemprego: expulsar os imigrantes e dar seus empregos aos desempregados franceses. É uma proposta que não resiste a uma análise séria, mas que, pouco a pouco, vem ganhando a adesão dos setores populares da sociedade francesa.
Os anos 80 e 90 foram os dos excessos verbais de Le Pen. Sua alma fascista veio à tona quando qualificou como ""questão menor" as câmaras de gás dos campos de concentração nazistas, o que lhe valeu uma condenação mais simbólica do que real na Justiça. Não obstante sua carreira política continuou em ascensão, e ele obteve um resultado magnífico nas eleições de 1995.
Os últimos anos foram marcados por uma divisão no interior da extrema direita. O ""número 2" da Frente Nacional, Bruno Mégret, enfrentou Le Pen em 1998, foi expulso e fundou seu próprio partido. Apesar da divisão, Le Pen conseguiu confirmar sua popularidade junto a um amplo setor do eleitorado e conquistar a maior vitória de sua já longa carreira.
Xenofobia e ultranacionalismo marcam Le Pen
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Aos 73 anos e após a quarta tentativa, o líder da extrema direita francesa Jean-Marie Le Pen conseguiu passar ao segundo turno nas eleições presidenciais. Veterano da guerra da Indochina, o líder da Frente Nacional fez da xenofobia e do ultranacionalismo sua marca registrada na política. É um discurso que foi sendo absorvido pouco a pouco pela sociedade francesa, confrontada com altos índices de imigração, abalada pela insegurança dos cidadãos e castigada pelo desemprego.
Nas eleições de 1995, Le Pen tinha conseguido 15% dos votos no primeiro turno, mas ficou em quarto lugar, atrás de Chirac, Jospin e Balladur. Desta vez, porém, parece que o alto índice de abstenção e o afundamento do candidato socialista lhe permitiram alcançar seu objetivo, apesar de ter recebido apenas 17% dos votos.
Le Pen entrou na Assembléia Nacional pela primeira vez em 1956, aos 27 anos, tornando-se o deputado mais jovem da França, eleito por uma chapa intitulada União e Fraternidade Francesa.
Em 1982, fundou a Frente Nacional, cuja presidência ocupa desde então. O partido de extrema direita deslanchou em 1983, nas eleições municipais, num avanço confirmado um ano mais tarde, nas eleições para o Parlamento Europeu, quando o próprio Le Pen foi eleito deputado.
A Frente Nacional cavou uma divisão profunda no panorama político francês, baseada em duas idéias que transformou em seus slogans eleitorais: "a preferência francesa" e ""os franceses primeiro". Resumindo, é uma receita mágica contra o desemprego: expulsar os imigrantes e dar seus empregos aos desempregados franceses. É uma proposta que não resiste a uma análise séria, mas que, pouco a pouco, vem ganhando a adesão dos setores populares da sociedade francesa.
Os anos 80 e 90 foram os dos excessos verbais de Le Pen. Sua alma fascista veio à tona quando qualificou como ""questão menor" as câmaras de gás dos campos de concentração nazistas, o que lhe valeu uma condenação mais simbólica do que real na Justiça. Não obstante sua carreira política continuou em ascensão, e ele obteve um resultado magnífico nas eleições de 1995.
Os últimos anos foram marcados por uma divisão no interior da extrema direita. O ""número 2" da Frente Nacional, Bruno Mégret, enfrentou Le Pen em 1998, foi expulso e fundou seu próprio partido. Apesar da divisão, Le Pen conseguiu confirmar sua popularidade junto a um amplo setor do eleitorado e conquistar a maior vitória de sua já longa carreira.
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