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25/04/2002
-
11h32
da Efe, em Paris
Os estudantes constituem a maioria dos manifestantes contra o líder da extrema direita Jean-Marie Le Pen, que disputará a Presidência da França com o presidente Jacques Chirac no dia 5 de maio, mas o primeiro turno da eleição francesa mostrou uma ruptura entre a juventude com estudo e a juventude sem diploma. De acordo com pesquisas, a maior parte dos eleitores de Le Pen são jovens, desempregados e operários.
Hoje, mais uma vez, milhares de estudantes secundaristas foram às ruas da França, de Brest (noroeste) até Toulon (sudeste), passando por Estrasburgo (nordeste), Tarbes (sudoeste) e Tours (centro), para dizer não à extrema direita.
Em Estrasburgo, mais de 5.000 alunos responderam à convocação da União Nacional de Estudantes de Liceus para mostrar que "a juventude está contra o discurso de extrema segurança, racista e xenófobo" da Frente Nacional, liderada por Le Pen.
Já a União Nacional de Estudantes da França convocou uma greve nas universidades para hoje, às vésperas das manifestações em massa previstas para o fim de semana, que serão um "ensaio" dos protestos de 1º de maio (Dia do Trabalho), quatro dias antes da realização do segundo turno.
Segundo as pesquisas, Chirac deveria ser reeleito por uma ampla maioria, ao contar com o apoio dos partidos da esquerda democrática e de organizações da sociedade civil para bloquear Le Pen.
O líder da frente anti-União Européia, anti-imigração e pró-pena de morte eliminou no primeiro turno de domingo passado (21) o candidato socialista e primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, em um abalo político que continua agitando o país.
No primeiro turno da eleição presidencial francesa, Chirac ficou com 19,88% dos votos válidos, enquanto Le Pen e Jospin obtiveram 16,86% e 16,18%, respectivamente.
Hoje, surgiram vozes não só na direita mas também entre destacados membros do Partido Socialista para que Jospin peça publicamente que seus eleitores votem contra Le Pen.
O primeiro-ministro em fim de mandato, que assumiu a responsabilidade de seu fracasso eleitoral e anunciou sua saída da vida política para 6 de maio, guarda silêncio sobre sua intenção de voto.
Pesquisa
As pesquisas de boca de urna mostram que os que deram seu voto a Le Pen são em sua maioria desempregados, operários e jovens.
Cerca de 20% dos jovens entre 18 e 24 anos que votaram (quase 40% se absteve; a abstenção total foi de 28,4%) escolheram o candidato da extrema direita.
A analista política Anne Muxel, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas, diz que "não é preciso estigmatizar" os jovens, que "não fazem mais que amplificar evoluções e comportamentos que acontecem no conjunto do eleitorado".
Os jovens votaram por uma "alternativa política", disse Muxel ao jornal "L'Humanité".
Uma parte desses votos foi para o trotskista Olivier Besancenot, 27, o mais jovem dos 16 candidatos que estavam na disputa, que fez uma campanha próxima às preocupações da juventude, em particular nos temas da globalização; e outra parte para o ambientalista Noel Mamere.
No outro extremo do jogo político, está o voto para Le Pen (18% dos jovens entre 18 e 24 anos já votaram nele em 1995, três pontos a mais que sua votação total na época). São essencialmente jovens que já estão na vida ativa, com pouco estudo e em situação econômica precária, e que vêem nele a oportunidade de protestar "contra uma classe política que dá a impressão de não levá-los em conta", diz Muxel.
Para a analista política, "há realmente uma ruptura" que não pára de se ampliar na juventude e que mostra o erro do sistema de educação francês.
"Há uma juventude com estudo oposta a uma juventude sem diploma. Não só do ponto de vista de suas experiências sociais, condições de vida e realização, mas também das concepções da democracia e dos valores", afirma.
As pesquisas mostram que nos chamados "bairros sensíveis" -áreas urbanas economicamente inferiores e focos de maior criminalidade- o apoio à extrema direita é especialmente notável. A situação é paradoxal, segundo Muxel, já que nesses bairros vivem muitos imigrantes ou filhos de imigrantes. Le Pen quer reverter o crescimento da imigração não só expulsando os ilegais e restringindo o direito de asilo, mas também inscrevendo "a preferência nacional" na Constituição da França.
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Hoje, mais uma vez, milhares de estudantes secundaristas foram às ruas da França, de Brest (noroeste) até Toulon (sudeste), passando por Estrasburgo (nordeste), Tarbes (sudoeste) e Tours (centro), para dizer não à extrema direita.
Em Estrasburgo, mais de 5.000 alunos responderam à convocação da União Nacional de Estudantes de Liceus para mostrar que "a juventude está contra o discurso de extrema segurança, racista e xenófobo" da Frente Nacional, liderada por Le Pen.
Já a União Nacional de Estudantes da França convocou uma greve nas universidades para hoje, às vésperas das manifestações em massa previstas para o fim de semana, que serão um "ensaio" dos protestos de 1º de maio (Dia do Trabalho), quatro dias antes da realização do segundo turno.
Segundo as pesquisas, Chirac deveria ser reeleito por uma ampla maioria, ao contar com o apoio dos partidos da esquerda democrática e de organizações da sociedade civil para bloquear Le Pen.
O líder da frente anti-União Européia, anti-imigração e pró-pena de morte eliminou no primeiro turno de domingo passado (21) o candidato socialista e primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, em um abalo político que continua agitando o país.
No primeiro turno da eleição presidencial francesa, Chirac ficou com 19,88% dos votos válidos, enquanto Le Pen e Jospin obtiveram 16,86% e 16,18%, respectivamente.
Hoje, surgiram vozes não só na direita mas também entre destacados membros do Partido Socialista para que Jospin peça publicamente que seus eleitores votem contra Le Pen.
O primeiro-ministro em fim de mandato, que assumiu a responsabilidade de seu fracasso eleitoral e anunciou sua saída da vida política para 6 de maio, guarda silêncio sobre sua intenção de voto.
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As pesquisas de boca de urna mostram que os que deram seu voto a Le Pen são em sua maioria desempregados, operários e jovens.
Cerca de 20% dos jovens entre 18 e 24 anos que votaram (quase 40% se absteve; a abstenção total foi de 28,4%) escolheram o candidato da extrema direita.
A analista política Anne Muxel, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas, diz que "não é preciso estigmatizar" os jovens, que "não fazem mais que amplificar evoluções e comportamentos que acontecem no conjunto do eleitorado".
Os jovens votaram por uma "alternativa política", disse Muxel ao jornal "L'Humanité".
Uma parte desses votos foi para o trotskista Olivier Besancenot, 27, o mais jovem dos 16 candidatos que estavam na disputa, que fez uma campanha próxima às preocupações da juventude, em particular nos temas da globalização; e outra parte para o ambientalista Noel Mamere.
No outro extremo do jogo político, está o voto para Le Pen (18% dos jovens entre 18 e 24 anos já votaram nele em 1995, três pontos a mais que sua votação total na época). São essencialmente jovens que já estão na vida ativa, com pouco estudo e em situação econômica precária, e que vêem nele a oportunidade de protestar "contra uma classe política que dá a impressão de não levá-los em conta", diz Muxel.
Para a analista política, "há realmente uma ruptura" que não pára de se ampliar na juventude e que mostra o erro do sistema de educação francês.
"Há uma juventude com estudo oposta a uma juventude sem diploma. Não só do ponto de vista de suas experiências sociais, condições de vida e realização, mas também das concepções da democracia e dos valores", afirma.
As pesquisas mostram que nos chamados "bairros sensíveis" -áreas urbanas economicamente inferiores e focos de maior criminalidade- o apoio à extrema direita é especialmente notável. A situação é paradoxal, segundo Muxel, já que nesses bairros vivem muitos imigrantes ou filhos de imigrantes. Le Pen quer reverter o crescimento da imigração não só expulsando os ilegais e restringindo o direito de asilo, mas também inscrevendo "a preferência nacional" na Constituição da França.
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