Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/10/2002 - 16h37

Deputada européia propõe legalização de todas as drogas

da France Presse, em Lago Agrio (Equador)

A deputada européia Emma Bonino atribui a "corrupção das instituições" ao "dinheiro sujo das drogas" e propõe "legalizar todas elas" para "arruinar os narcotraficantes".

Chefe da missão de observação da União Européia (UE) durante as eleições presidenciais no Equador, a deputada do Partido Radical Italiano considera "nefastas" as consequências da aplicação do Plano Colômbia contra as drogas, executado com a assistência dos Estados Unidos.

Numa visita a Lago Agrio, 180 km ao nordeste de Quito (capital equatoriana), perto da fronteira com a Colômbia, ela percorreu um campo de refugiados colombianos em presença da agência France Presse.

Bonino considera o fenômeno dos refugiados "uma das consequências do Plano Colômbia", e disse que a União Européia "terá que discuti-lo mais cedo ou mais tarde".

Plano Colômbia
O Plano Colômbia inclui uma assistência desde 2000 de US$2 milhões de dólares dos Estados Unidos para destruir as plantações de coca do país andino, com o apoio de 79 helicópteros que lançam o herbicida glifosato sobre as plantações.

Um relatório de onze organizações ecológicas equatorianas alertou recentemente para o perigo que representam "para a saúde humana, o gado e as plantações" equatorianas as fumigações na Colômbia sobre as plantações de coca-matéria-prima da cocaína- já que o herbicida se dispersa pelo vento.

Esta política de erradicação da coca "cria mais problemas do que resolve", afirma Emma Bonino, uma ativista de 54 anos conhecida por seu combate contra a segregação de mulheres no Afeganistão em 1998.

Onze mil colombianos estão refugiados no Equador desde o começo da sistemática fumigação de coca no sul da Colômbia, perto da fronteira entre os dois países, segundo estimativas oficiais.

Reflorestamento
Bonino vê com ceticismo a vontade do presidente colombiano Alvaro Uribe de reflorestar das plantações de coca uma vez destruídas, uma idéia apoiada pelo presidente francês Jacques Chirac. "Vão colocar um policial atrás de cada árvore?", pergunta.

O controle dos 130 mil hectares da superfície destinada atualmente à coca na Colômbia, se substituída por um bosque, coloca um grave problema, segundo a deputada européia. "Busco mas não acho um plano de substituição da droga que seja viável", afirma.

O cultivo da droga tem tanta rentabilidade, segundo ela, que, "com a proibição na Colômbia, os narcotraficantes vão mudar de território, já que são muito consideráveis os interesses econômicos".

E pergunta: "Vão militarizar o Amazonas?".

Sobre esta questão, Bonino evoca o fracasso, segundo ela, de um projeto da União Européia na Bolívia, onde os plantadores de coca, beneficiados com uma ajuda de 30 milhões de euros para substituir a coca por batatas, "'plantaram a droga em um vale vizinho".

"Uma legalização de todas as drogas, controladas pelos Estados ou empresas privadas, provocaria a bancarrota dos traficantes, e terminaria com a economia paralela, assim como com uma forte corrupção", concluiu a deputada.

Leia mais no especial Colômbia
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade