Publicidade
Publicidade
26/11/2002
-
11h03
da Folha Online
O Estado de Zamfara, no norte da Nigéria, de maioria muçulmana, anunciou hoje um decreto religioso (fatwa) pedindo aos fiéis que matem a jornalista que escreveu um artigo sobre o concurso de Miss Mundo considerado uma blasfêmia pelos muçulmanos.
O decreto religioso é dirigido contra a jornalista Isioma Daniel, afirmou Umar Dangaladina, assessor de comunicação do Estado de Zamfara. "O islamismo prevê a pena de morte contra qualquer pessoa, independentemente de sua fé, que insulte o profeta [...]. Consequentemente, o Estado aceitou esse veredicto que se aplica a Isioma. Essa é nossa posição", disse.
Daniel escreveu um artigo, publicado no dia 16 de novembro pelo jornal nigeriano "This Day", que sugeria que o profeta Maomé, fundador do islamismo, poderia se casar com uma das concorrentes ao título de Miss Mundo.
O artigo provocou na semana passada uma série de protestos em diversas partes da Nigéria, principalmente na cidade de Kaduna, no norte do país. Os confrontos deixaram mais de 200 mortos e levou os organizadores do concurso de beleza a transferir a final do Miss Mundo para Londres.
Daniel se viu obrigada a apresentar sua demissão depois dos primeiros distúrbios em Kaduna. Segundo um porta-voz do jornal, ela teve de sair com urgência da Nigéria. Há informações de que ela teria embarcado para os EUA.
O "This Day" pediu desculpas a seus leitores no dia seguinte à publicação do artigo e afirmou que um dos editores havia tentado retirar a frase considerada ofensiva antes da publicação do jornal, mas que por razões técnicas o parágrafo saiu impresso.
Segundo Dangaladima, "o governo do Estado de Zamfara não teve a iniciativa de emitir a fatwa. A decisão foi adotada depois de uma reunião entre o governo e 21 organizações islâmicas".
Ontem à noite, durante discurso pronunciado ante chefes religiosos em Gusau, capital do Estado de Zamfara, e transmitido pela rádio nacional, o vice-governador Mamuda Aliyu Shinkafi declarou que, "como no caso de Salman Rushdie, o sangue de Isioma Daniel pode ser derramado". "É obrigatório para todos os muçulmanos, onde quer que se encontrem, considerar o assassinato da autora do artigo como um dever religioso", afirmou.
O escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie tornou-se mundialmente conhecido em 1988, quando o então líder religioso do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, decretou uma fatwa (decreto religioso, no caso uma sentença de morte) contra ele.
Rushdie havia publicado o livro "Versos Satânicos", tido por Khomeini como uma blasfêmia contra o profeta Maomé. Desde a sentença, o escritor já teve 30 endereços diferentes.
Zamfara é o primeiro dos 12 Estados muçulmanos do norte da Nigéria a reintroduzir progressivamente a lei islâmica (charia) desde o retorno da democracia no país, em 1999, apesar da oposição do governo federal.
Com agências internacionais
Leia mais:
Jornalista nigeriana condenada à morte fugiu para EUA, diz jornal
Governo da Nigéria diz que não permitirá execução de jornalista
Organizadores e misses rejeitam culpa por mortes na Nigéria
Concurso de Miss Mundo chega ao Reino Unido sob novos protestos
Miss brasileira diz estar chocada com incidentes na Nigéria
Outros destaques:
Americanos transam menos e caem em "ranking de sexo", diz pesquisa
Cães policiais da África do Sul usam coletes à prova de bala
Mulheres já são 50% dos infectados pelo vírus da Aids
Estado da Nigéria condena à morte autora de artigo sobre misses
Vítima falsa de 11 de setembro é condenada à prisão
Veja como localizar armas de destruição em massa
Fogo destrói navio cargueiro com cerca de 4.000 carros
Leia mais notícias de Mundo
Estado da Nigéria condena à morte autora de artigo sobre misses
Publicidade
O Estado de Zamfara, no norte da Nigéria, de maioria muçulmana, anunciou hoje um decreto religioso (fatwa) pedindo aos fiéis que matem a jornalista que escreveu um artigo sobre o concurso de Miss Mundo considerado uma blasfêmia pelos muçulmanos.
O decreto religioso é dirigido contra a jornalista Isioma Daniel, afirmou Umar Dangaladina, assessor de comunicação do Estado de Zamfara. "O islamismo prevê a pena de morte contra qualquer pessoa, independentemente de sua fé, que insulte o profeta [...]. Consequentemente, o Estado aceitou esse veredicto que se aplica a Isioma. Essa é nossa posição", disse.
Daniel escreveu um artigo, publicado no dia 16 de novembro pelo jornal nigeriano "This Day", que sugeria que o profeta Maomé, fundador do islamismo, poderia se casar com uma das concorrentes ao título de Miss Mundo.
O artigo provocou na semana passada uma série de protestos em diversas partes da Nigéria, principalmente na cidade de Kaduna, no norte do país. Os confrontos deixaram mais de 200 mortos e levou os organizadores do concurso de beleza a transferir a final do Miss Mundo para Londres.
Daniel se viu obrigada a apresentar sua demissão depois dos primeiros distúrbios em Kaduna. Segundo um porta-voz do jornal, ela teve de sair com urgência da Nigéria. Há informações de que ela teria embarcado para os EUA.
O "This Day" pediu desculpas a seus leitores no dia seguinte à publicação do artigo e afirmou que um dos editores havia tentado retirar a frase considerada ofensiva antes da publicação do jornal, mas que por razões técnicas o parágrafo saiu impresso.
Segundo Dangaladima, "o governo do Estado de Zamfara não teve a iniciativa de emitir a fatwa. A decisão foi adotada depois de uma reunião entre o governo e 21 organizações islâmicas".
Ontem à noite, durante discurso pronunciado ante chefes religiosos em Gusau, capital do Estado de Zamfara, e transmitido pela rádio nacional, o vice-governador Mamuda Aliyu Shinkafi declarou que, "como no caso de Salman Rushdie, o sangue de Isioma Daniel pode ser derramado". "É obrigatório para todos os muçulmanos, onde quer que se encontrem, considerar o assassinato da autora do artigo como um dever religioso", afirmou.
O escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie tornou-se mundialmente conhecido em 1988, quando o então líder religioso do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, decretou uma fatwa (decreto religioso, no caso uma sentença de morte) contra ele.
Rushdie havia publicado o livro "Versos Satânicos", tido por Khomeini como uma blasfêmia contra o profeta Maomé. Desde a sentença, o escritor já teve 30 endereços diferentes.
Zamfara é o primeiro dos 12 Estados muçulmanos do norte da Nigéria a reintroduzir progressivamente a lei islâmica (charia) desde o retorno da democracia no país, em 1999, apesar da oposição do governo federal.
Com agências internacionais
Leia mais:
Outros destaques:
Leia mais notícias de Mundo
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice