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12/05/2003 - 16h50

Jornalista do ''New York Times'' é acusado por plágio e mentiras

da France Presse, em Nova York

O jornal ''The Boston Globe'' anunciou hoje ter descoberto ''um número limitado de histórias com problemas'' escritas por Jayson Blair para esta publicação americana antes de o repórter entrar para o diário ''The New York Times'', que revelou ontem as mentiras e plágios cometidos pelo jornalista.

Blair, 27, trabalhou para o ''The Boston Globe'', de Massachussets (nordeste), entre o final de 1998 e o início de 1999, e como interino nos verões (hemisfério norte) de 1996 e 1997.

Durante este período, Blair escreveu 85 artigos e o ''Globe encontrou um número limitado de histórias com problemas'', explicou o diretor do jornal, Martin Baron, em um artigo publicado hoje.

''Continuaremos nossa investigação, e examinaremos nossos procedimentos internos para ver se podem ser reforçados de forma que esta infração da ética jornalística não ocorra no futuro'', acrescentou Baron.

Denúncias

Assim como fez o ''New York Times'', o jornal de Boston disponibilizou um endereço eletrônico (report@globe.com) para as pessoas que queiram indicar problemas nos artigos do jornalista.

O ''Boston Globe'' começou a verificar os artigos de Blair na sexta-feira (9), após ''The Washington Post'' notificar que o repórter havia usado declarações do prefeito do distrito de Columbia (Washington), Anthony A. Williams, publicadas em sua edição.

Ontem, o ''New York Times'' publicou uma matéria de quatro páginas indicando os plágios e invenções atribuídas a este jornalista em seus quatro anos de trabalho no prestigioso diário nova-iorquino.

Segundo ''The Boston Globe'', os erros cometidos por Blair foram de natureza similar aos praticados no ''Times''.

No mesmo artigo no qual usou as declarações de Williams ao ''Washington Post'', inventou declarações de Julius F.Nimmons, na época reitor da Universidade do distrito de Columbia.

Nimmons negou ter feito tais declarações e inclusive de ter falado com um jornalista do Globe. ''Ele não entrou em contato comigo e eu não faria declarações como essas'', afirmou o reitor.

Escândalos recentes

A imprensa americana sofreu em outras ocasiões escândalos como o de Jayson Blair, o jornalista que plagiou e plantou notícias durante quatro anos no ''New York Times'', segundo reconheceu ontem o próprio jornal.

Em abril de 1981, a jornalista Janet Cooke recebeu o prêmio Pulitzer por uma reportagem intitulada ''O mundo de Jimmy'', publicada no ''Washington Post''.

Cooke narrava a vida de um menino de 8 anos que era uma obra de ficção, segundo ela mesma esclareceu dois dias depois de receber o mais prestigiado prêmio da imprensa americana.

Ben Bradlee, que então dirigia a redação do jornal, disse em suas memórias (''A good life'') que o caso Cooke é ''uma cruz que o jornalismo, especialmente o 'Washington Post', e especialmente Benjamin C. Bradlee, carregarão para sempre''. A autora devolveu o prêmio e abandonou o jornalismo.

A revista de Washington, ''New Republic'', demitiu Stephen Glass em 1998 depois de descobrir que um artigo sobre ''hackers'' era falso. Depois de uma análise dos 41 artigos que Glass assinou na revista, foi descoberto que ele havia falsificado completamente seis deles e parcialmente outros 21. Glass acaba de publicar ''The fabulist'', um romance sobre sua passagem pela ''New Republic''.

Também em 1998, Patricia Smith abandonou sua popular coluna no ''Boston Globe'', jornal do Estado de Massachussets (nordeste), por forjar declarações.

Em seu último artigo para o jornal, Smith explicou: ''para criar o impacto desejado (...) atribuí declarações a gente que não existia''.

Em meados dos anos 80, R. Foster Winans, autor de uma coluna no ''Wall Street Journal'', foi demitido por repassar com antecedência a dois operadores da Bolsa o conteúdo de seus influentes artigos. A concessão de informações privilegiadas proporcionou enormes lucros aos operadores.
 

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