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08/08/2003
-
04h15
da Folha de S.Paulo, de Buenos Aires
Uma pesquisa divulgada ontem na Argentina mostra que, pela primeira vez em dois anos, a população está "otimista" com o futuro do país. O levantamento, realizado pelo Ibope, mostra que os argentinos têm esperança no novo governo --que tomou posse no dia 25 de maio-- e acreditam que a economia venha a se recuperar, após a profunda recessão enfrentada nos últimos quatro anos.
O resultado coincide com a recente disparada nos índices de popularidade do novo presidente, Néstor Kirchner. A última pesquisa, realizada pela consultoria Equis, mostrou que, com pouco mais de dois meses de mandato, a aprovação de Kirchner subiu para 90,9%.
O estudo, que ouviu cerca de 10 mil pessoas em 21 cidades de todo o país, mostra ainda que os mais otimistas são os moradores de municípios do interior. Motivo: a recuperação da economia argentina está calcada no aumento das exportações, principalmente do setor agrícola.
Na capital, Buenos Aires, o clima não é tão amistoso, já que a cidade tem perfil industrial, setor que ainda sofre os efeitos de dez anos de conversibilidade cambial. A paridade entre peso e dólar estimulou importações, levando à quebradeira e ao sucateamento do parque industrial, que tenta aos poucos se reerguer.
Apesar da melhora, os argentinos ainda são os mais pessimistas da América Latina. Numa comparação regional, a Argentina lidera o ranking, seguida por Equador, Chile e Peru. Nesse indicador, Brasil e México são os únicos cuja população diz ter esperanças em melhora no próximo ano.
Entre 1998 e 2002, a economia argentina teve uma retração de quase 20%, percentual visto apenas em países que passaram por guerra. A taxa de desemprego chegou a atingir 21,5% em maio do ano passado, e dados de maio deste ano mostram que o desemprego continua elevado: afeta 15% da população economicamente ativa, segundo dados do Indec, órgão de estatísticas do governo.
A crise social também é grave. Mais de 50% da população vive abaixo da linha da pobreza, e pelo menos 1,4 milhão de famílias passam fome, segundo pesquisa recente divulgada pelo Banco Mundial.
Argentino agora se diz "otimista", diz pesquisa
ELAINE COTTAda Folha de S.Paulo, de Buenos Aires
Uma pesquisa divulgada ontem na Argentina mostra que, pela primeira vez em dois anos, a população está "otimista" com o futuro do país. O levantamento, realizado pelo Ibope, mostra que os argentinos têm esperança no novo governo --que tomou posse no dia 25 de maio-- e acreditam que a economia venha a se recuperar, após a profunda recessão enfrentada nos últimos quatro anos.
O resultado coincide com a recente disparada nos índices de popularidade do novo presidente, Néstor Kirchner. A última pesquisa, realizada pela consultoria Equis, mostrou que, com pouco mais de dois meses de mandato, a aprovação de Kirchner subiu para 90,9%.
O estudo, que ouviu cerca de 10 mil pessoas em 21 cidades de todo o país, mostra ainda que os mais otimistas são os moradores de municípios do interior. Motivo: a recuperação da economia argentina está calcada no aumento das exportações, principalmente do setor agrícola.
Na capital, Buenos Aires, o clima não é tão amistoso, já que a cidade tem perfil industrial, setor que ainda sofre os efeitos de dez anos de conversibilidade cambial. A paridade entre peso e dólar estimulou importações, levando à quebradeira e ao sucateamento do parque industrial, que tenta aos poucos se reerguer.
Apesar da melhora, os argentinos ainda são os mais pessimistas da América Latina. Numa comparação regional, a Argentina lidera o ranking, seguida por Equador, Chile e Peru. Nesse indicador, Brasil e México são os únicos cuja população diz ter esperanças em melhora no próximo ano.
Entre 1998 e 2002, a economia argentina teve uma retração de quase 20%, percentual visto apenas em países que passaram por guerra. A taxa de desemprego chegou a atingir 21,5% em maio do ano passado, e dados de maio deste ano mostram que o desemprego continua elevado: afeta 15% da população economicamente ativa, segundo dados do Indec, órgão de estatísticas do governo.
A crise social também é grave. Mais de 50% da população vive abaixo da linha da pobreza, e pelo menos 1,4 milhão de famílias passam fome, segundo pesquisa recente divulgada pelo Banco Mundial.
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