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17/08/2003 - 09h24

Meio-Oeste americano sofre mais com blecaute

ROBERTO DIAS
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Se Nova York festejou já na sexta à noite a volta da energia em toda a cidade, o Meio-Oeste americano vai ter de esperar mais para retornar à normalidade.

As regiões metropolitanas de Detroit (no Estado de Michigan) e Cleveland (em Ohio) foram as que mais tempo ficaram no escuro -no caso da primeira, algumas casas só deverão ter luz hoje.

Mas o problema agora é outro. Autoridades dos dois Estados estão preocupadas porque, com as estações de tratamento paradas, muito esgoto foi despejado diretamente no sistema de abastecimento de água da população.

Assim, após superar o pior desabastecimento de água da história da cidade --causado pela falta de energia--, Cleveland teve de montar um esquema de emergência por causa da falta de garantia sobre o que chegava às torneiras. Enquanto a Guarda Nacional distribuía água potável, os moradores foram aconselhados a ferver a água até hoje à tarde.

Orientação semelhante foi dada na região de Detroit, onde um quarto dos 2,1 milhões de moradores amanheceu ontem sem luz pelo segundo dia seguido. A companhia elétrica não prometia mais que religar "grande porcentagem" até o final do dia -à tarde, anunciou que quase todas as casas estavam religadas.

Por causa da falta de perspectiva, muita gente resolveu "fugir" da cidade. Na tarde de sexta-feira, havia longas filas nas estradas. Detroit enfrentou grave problema de falta de gasolina, que precisou ser trazida do sul de Michigan, Estado onde fica a cidade.

Em meio à falta de explicação para o blecaute, uma nova hipótese indica que o problema pode ter começado no Meio-Oeste.

Um documento divulgado pelo North American Eletric Reliability Council aponta que a queda de uma linha de transmissão nos arredores de Cleveland é o primeiro evento anormal notado na sequência de acontecimentos anteriores ao apagão.

Anteontem, o órgão dissera que não poderia assegurar ser essa a origem do blecaute. Ontem, porém, afirmou que a queda das linhas é, de fato, a causa mais provável para o problema. EUA e Canadá deverão formar uma comissão conjunta de investigação.

O blecaute representou, no pico, uma perda de 61 mil megawatts para o sistema elétrico local -quase cinco vezes a produção de Itaipu por hora. Isso representa mais que o dobro do maior blecaute anterior, em 1965, quando a falta de energia atingiu 30 milhões de pessoas. Na última quinta-feira, 50 milhões ficaram sem luz.

Apesar da extensão do blecaute, autoridades americanas comemoravam o baixo número de crimes. O mesmo, porém, não ocorreu no Canadá. Em Ottawa, a capital do país, foram registrados 23 saques. Houve duas mortes como consequência do apagão.

Apesar de ainda haver alguns problemas no sistema de telefonia, Nova York iniciou o dia de ontem com a situação já bem normalizada. O metrô voltou a circular na madrugada.

A Broadway funcionou normalmente na noite de anteontem. A associação dos produtores de peças disse que, apesar de venderem cerca de US$ 1 milhão em ingressos por noite, o prejuízo não foi tão grande -além de as empresas terem seguro contra eventos do tipo, muita gente resolveu trocar o ingresso para outro dia, em vez de pedir o dinheiro de volta.

Os nova-iorquinos continuam achando graça dos problemas causados pelo blecaute. Na capa do tablóide "New York Post", havia a foto de uma mulher segurando cartaz com a inscrição: "Eu dormi com todas essas pessoas ontem à noite", brincando com o fato de que muita gente não conseguiu voltar para casa e se acomodou na rua. O diário "Daily News" estampou em seu site: "Nós temos a força!".

Mas nem tudo é festa. A Câmara Municipal de Nova York traçou uma estimativa para os prejuízos: o apagão teria provocado perdas de US$ 750 milhões em vendas -com os cofres públicos deixando de arrecadar US$ 40 milhões em impostos. Além disso, cerca de US$ 10 milhões foram gastos no primeiro dia com o pagamento de horas extras.
 

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