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02/09/2003
-
18h47
da France Presse, em Bogotá
da Folha Online
A possibilidade de uma reunião com representantes da ONU (Organização das Nações Unidas) e das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Brasil foi bem recebida na Colômbia. No entanto, surgiu no país uma discussão sobre se o encontro servirá ao propósito da guerrilha de pressionar por uma troca de prisioneiros ou abrirá as portas para um diálogo de paz.
O encontro, que ainda não tem data marcada, vem sendo visto com bons olhos por Brasília e Bogotá, embora, segundo a chancelaria brasileira, não tenha sido formalmente solicitado pelas autoridades colombianas ou pela ONU.
Ontem, a agência France Presse obteve do governo brasileiro a informação de que presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, viajaria no próximo dia 15 à cidade colombiana de Cartagena. Lula participaria, no dia seguinte, da comemoração do 40º aniversário da Organização Internacional do Café (OIC), em companhia do chanceler brasileiro, Celso Amorim.
Nesse dia, segundo a agência, durante uma reunião com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, os dois dirigentes devem conversar sobre a reunião ONU-Farc. Embora ainda não haja uma agenda estabelecida para o encontro, essa questão não será ignorada, segundo informou o porta-voz da presidência brasileira ao correspondente da France Presse.
Desde domingo (31), quando foi citada pela imprensa a possibilidade da reunião, Amorim, ao comentar a iniciativa, afirmou que seu país "sempre está disposto a dar sua contribuição a uma solução negociada que respeite a soberania" da Colômbia.
Através do alto comissário para a paz, Luis Carlos Restrepo, o governo de Uribe, que insistiu no papel da ONU para buscar uma aproximação com as Farc, disse que "essa possibilidade [de uma reunião no Brasil] foi considerada".
O Brasil faz parte do pequeno grupo de países que resistiu a pedidos do governo colombiano de rotular as Farc como "organização terrorista" --o que contribuiria na escolha do país para sede do encontro.
Debate
A possível reunião já começou a chamar a atenção de líderes políticos e analistas, que dizem acreditar que as Farc levarão ao Brasil a proposta de trocar 40 militares e policiais que mantêm em seu poder por 300 rebeldes presos.
O anúncio da reunião coincide com a recente divulgação de provas de sobrevivência de mais de 30 civis e militares em poder das Farc, incluindo a gravação de vídeo da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt.
"Não sou tão otimista para pensar que a guerrilha está buscando as Nações Unidas porque aceita o papel que o governo lhe confere de mediador no conflito. Parece-me mais que busca o status político que perdeu, ao pretender incorporar a ONU na questão da troca de prisioneiros, que é o que realmente interessa à guerrilha", comentou o analista Alfredo Rangel.
Ele afirmou que, em um comunicado conjunto divulgado há uma semana, as Farc e o rebelde Exército para a Libertação Nacional (ELN) descartaram qualquer aproximação com o governo de Uribe, mas insistiram na troca de prisioneiros.
O ex-procurador-geral Jaime Bernal disse acreditar que o encontro significará uma "abertura neste momento" para "buscar uma alternativa diferente ao confronto armado".
Conflito interno
Se o encontro for confirmado, será o primeiro diálogo com as Farc (principal guerrilha da Colômbia, com 17 mil membros), desde que as negociações de paz com o governo fracassaram, em fevereiro de 2002 --quando os rebeldes sequestraram um vôo comercial e um senador.
Uribe, que as Farc chamam de "fascista", promete derrotar os rebeldes no campo de batalha se eles não declararem um cessar-fogo para negociações. Rebeldes das Farc mataram o pai do presidente colombiano nos anos 1980, durante uma tentativa de sequestro fracassada.
Cerca de 3.500 colombianos morrem a cada a ano em decorrência do conflito armado --envolvendo forças do governo, guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita e traficantes-- que atinge o país há décadas.
Especial
Leia mais sobre o conflito na Colômbia
Colômbia recebe bem idéia de reunião de ONU e Farc no Brasil
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da Folha Online
A possibilidade de uma reunião com representantes da ONU (Organização das Nações Unidas) e das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Brasil foi bem recebida na Colômbia. No entanto, surgiu no país uma discussão sobre se o encontro servirá ao propósito da guerrilha de pressionar por uma troca de prisioneiros ou abrirá as portas para um diálogo de paz.
O encontro, que ainda não tem data marcada, vem sendo visto com bons olhos por Brasília e Bogotá, embora, segundo a chancelaria brasileira, não tenha sido formalmente solicitado pelas autoridades colombianas ou pela ONU.
Ontem, a agência France Presse obteve do governo brasileiro a informação de que presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, viajaria no próximo dia 15 à cidade colombiana de Cartagena. Lula participaria, no dia seguinte, da comemoração do 40º aniversário da Organização Internacional do Café (OIC), em companhia do chanceler brasileiro, Celso Amorim.
Nesse dia, segundo a agência, durante uma reunião com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, os dois dirigentes devem conversar sobre a reunião ONU-Farc. Embora ainda não haja uma agenda estabelecida para o encontro, essa questão não será ignorada, segundo informou o porta-voz da presidência brasileira ao correspondente da France Presse.
Desde domingo (31), quando foi citada pela imprensa a possibilidade da reunião, Amorim, ao comentar a iniciativa, afirmou que seu país "sempre está disposto a dar sua contribuição a uma solução negociada que respeite a soberania" da Colômbia.
Através do alto comissário para a paz, Luis Carlos Restrepo, o governo de Uribe, que insistiu no papel da ONU para buscar uma aproximação com as Farc, disse que "essa possibilidade [de uma reunião no Brasil] foi considerada".
O Brasil faz parte do pequeno grupo de países que resistiu a pedidos do governo colombiano de rotular as Farc como "organização terrorista" --o que contribuiria na escolha do país para sede do encontro.
Debate
A possível reunião já começou a chamar a atenção de líderes políticos e analistas, que dizem acreditar que as Farc levarão ao Brasil a proposta de trocar 40 militares e policiais que mantêm em seu poder por 300 rebeldes presos.
O anúncio da reunião coincide com a recente divulgação de provas de sobrevivência de mais de 30 civis e militares em poder das Farc, incluindo a gravação de vídeo da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt.
"Não sou tão otimista para pensar que a guerrilha está buscando as Nações Unidas porque aceita o papel que o governo lhe confere de mediador no conflito. Parece-me mais que busca o status político que perdeu, ao pretender incorporar a ONU na questão da troca de prisioneiros, que é o que realmente interessa à guerrilha", comentou o analista Alfredo Rangel.
Ele afirmou que, em um comunicado conjunto divulgado há uma semana, as Farc e o rebelde Exército para a Libertação Nacional (ELN) descartaram qualquer aproximação com o governo de Uribe, mas insistiram na troca de prisioneiros.
O ex-procurador-geral Jaime Bernal disse acreditar que o encontro significará uma "abertura neste momento" para "buscar uma alternativa diferente ao confronto armado".
Conflito interno
Se o encontro for confirmado, será o primeiro diálogo com as Farc (principal guerrilha da Colômbia, com 17 mil membros), desde que as negociações de paz com o governo fracassaram, em fevereiro de 2002 --quando os rebeldes sequestraram um vôo comercial e um senador.
Uribe, que as Farc chamam de "fascista", promete derrotar os rebeldes no campo de batalha se eles não declararem um cessar-fogo para negociações. Rebeldes das Farc mataram o pai do presidente colombiano nos anos 1980, durante uma tentativa de sequestro fracassada.
Cerca de 3.500 colombianos morrem a cada a ano em decorrência do conflito armado --envolvendo forças do governo, guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita e traficantes-- que atinge o país há décadas.
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