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06/11/2003 - 15h17

Ministro do Interior da Colômbia anuncia renúncia

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da Folha Online

O ministro do Interior e da Justiça da Colômbia, Fernando Lodoño --que criou uma polêmica ontem no Congresso após dizer que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, poderia adiantar a eleição presidencial se perdesse apoio no Legislativo-- anunciou hoje que vai renunciar.

Londoño, que ocupa o principal posto no gabinete de Uribe, fez seu anúncio durante um seminário sobre terrorismo em um hotel da capital colombiana, Bogotá.

"Não tenho pressa, não tenho pressa por uma razão elementar: este ato carregado de tanto significado é o último ao qual assisto como ministro do Interior e da Justiça", afirmou Londoño.

Segundo uma fonte governamental que pediu para não ser identificada, Lodoño já apresentou sua carta de renúncia a Uribe.

Ontem, Lodoño afirmou que Uribe admite a possibilidade de antecipar a eleição presidencial colombiana se perder apoio político. O ministro acrescentou que o presidente não pensa em ficar no poder se não puder fazer nada pelo país.

Reuters - 27.mai.2002
Alvaro Uribe, presidente da Colômbia
Crise

Em uma declaração que imediatamente gerou uma agitação política, Londoño advertiu os dirigentes do Partido Conservador --principal aliado de Uribe-- de que se o partido se lançar na oposição criará uma imensa crise política.

"Não reduzo em nada o significado que teria se a bancada conservadora deixasse de apoiar o governo. Essa é uma situação de crise sem precedentes", afirmou.

Lodoño acrescentou que "essa crise política só se resolveria, acho eu, com elementos extremos, que o presidente considerou, inclusive o de antecipar as eleições".

O próprio Uribe afirmou, posteriormente, em um discurso, que se manterá no poder os três anos que lhe restam.

"O tempo de governo que nos resta será aproveitado dia e noite; serão quase seis anos, somando os três que vivenciaremos dia e noite", afirmou o presidente em uma cerimônia por ocasião do 102º aniversário da Polícia Nacional.

Revés

"Ele [Uribe] diz que não vai permanecer no Palácio de Nariño (casa presidencial) simplesmente para sobreviver durante dois ou três anos restantes se não puder fazer nada pela nação", afirmou o ministro.

No dia 25 de outubro passado Uribe sofreu um revés quando um referendo no qual apostou não foi aprovado pelos colombianos. Depois dessa derrota houve várias divergências com parlamentares, em particular com aqueles que até agora têm sido seus aliados políticos.

Apesar dessa derrota, uma pesquisa feita na semana passada apontou que Uribe tem um apoio à sua gestão de 80%, o mais alto nos 15 meses de seu governo. O mandato de Uribe termina em agosto de 2006.

A declaração do ministro gerou reações políticas imediatas, muitas delas críticas.

Por essa razão, o próprio ministro decidiu moderar suas palavras, afirmando que "o sentido de minha conversa era de que o presidente da República não é o tipo de pessoa que permanece em um cargo quando não tem nenhum sentido o seu desempenho".

"Por isso falei de uma antecipação de eleições", acrescentou.

"Piromaníaco"

O ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998) criticou Londoño: "Estou surpreso com a declaração do ministro, seu papel é apagar os incêndios, mas está agindo como piromaníaco".

Por sua vez, Luis Humberto Gómez, senador do Partido Conservador, disse que tudo o que fala o ministro "é consultado com o presidente, não tenho a menor dúvida, mas não deixa de ser uma grande torpeza política, imensa e totalmente inconveniente para o país neste momento".

Para o senador da oposição Carlos Gaviria, trata-se de "um despropósito, confirma minha impressão de que o presidente tem uma grande vocação autoritária, e as ameaças ditas pelo ministro, se verdadeiras, estão à beira da ruptura constitucional".

O presidente do Congresso, Germán Vargas, disse por sua vez que é "um pouco exagerado, porque não estamos enfrentando uma crise que permitiria induzir uma decisão dessa natureza".

Com agências internacionais

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