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20/01/2004 - 18h32

Governo colombiano reabre diálogo com paramilitares divididos

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da France Presse, em Bogotá

O governo colombiano de Álvaro Uribe retomou os diálogos de paz com as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC, paramilitares, extrema-direita) afetadas por divisões internas. Um porta-voz paramilitar compareceu hoje no Congresso para defender o processo de desmobilização.

O alto representante do governo para a paz, Luis Carlos Restrepo, mantém reuniões hoje com os líderes político e militar das AUC, Carlos Castaño e Salvatore Mancuso, na localidade de Santa Fe de Ralito (Departamento de Córdoba).

O governo e as AUC pretendem avançar na elaboração de um cronograma para o desarme de outros grupos de extrema-direita, iniciado em novembro passado com 871 paramilitares do Bloco Cacique Nutibara (BCN).

A reunião em Córdoba estava inicialmente prevista para os dias 16 e 17 de janeiro, mas teve de ser adiada por causa de divergências entre comandantes de facções, que impediram a formação de uma mesa única de diálogo entre o governo e os paramilitares.

"Temo que se continuarem os conflitos internos entre as diversas autodefesas e as divergências pessoais entre seus dirigentes, um processo apresentável aos colombianos e à comunidade internacional será difícil de desenvolver", disse Castaño.

Inicialmente, estavam convidados à reunião delegados do Bloco Central Bolívar (CBCB) e das Autodefesas do Magdalena Medio (ACMM), que tinham concordado em integrar uma mesa única de negociações, mas que desistiram finalmente de participar do encontro.

"Oportunidade histórica"

Enquanto se realiza a reunião em Córdoba, o porta-voz político do BCN, Giovanny Marín, mais conhecido como "comandante R", compareceu ante o Congresso, um fato sem precedentes na história da Colômbia, para expor seus pontos de vista sobre o processo de paz e responder às dúvidas dos legisladores.

O ex-combatente pediu aos congressistas, à sociedade civil e à comunidade internacional, principalmente à Organização dos Estados Americanos (OEA), apoiarem a negociação.

"Nosso gesto é honesto. Entendemos as dúvidas, existe desconfiança, e isso é normal, mas vamos perder muito se deixarmos passar esta oportunidade histórica', afirmou o 'comandante R', um estudante de direito de 38 anos.

Marín também expressou seu desejo de que seja resolvido o problema dos pedidos de extradição, apresentados pelos Estados Unidos em setembro de 2002 contra Castaño e Mancuso.

No entanto, o ministro do Interior e da Justiça, Sabas Pretelt, disse hoje que os acordos de paz não podiam estar sujeitos a uma revogação dos pedidos de extradição.

Lei

Diversas audiências públicas foram realizadas desde quinta-feira passada (15) para debater a chamada lei alternativa penal, que determinará as punições e os benefícios judiciários para os membros de grupos irregulares que entregarem as armas.

O "comandante R" reafirmou aos legisladores o interesse dos paramilitares desmobilizados em formar um partido político, idéia vista com bons olhos pelo governo.

"Preferimos que fiquem na política do que na luta armada", disse Pretelt hoje.

A desmobilização do BCN marcou o início de um processo que deverá retirar da guerra, antes do final de 2005, cerca de 20 mil paramilitares, em virtude de um acordo assinado em julho passado pelo governo de Uribe e pelas AUC.

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