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25/08/2000
-
11h19
da France Presse
em Roma
A controvertida decisão do papa João Paulo 2º de beatificar o papa Pio 9, no próximo dia 3 de setembro, desata polêmicas um século depois da morte do pontífice identificado com o "obscurantismo".
Teólogos da prestigiosa revista internacional católica progressista "Concilium" compartilham da opinião de alguns setores judeus, que manifestaram sua indignação pela beatificação do papa Mastai Ferretti (Pio 9), que esteve à frente da Igreja Católica de 1846 a 1878, a quem acusam de ser anti-semita.
Se a maioria dos historiadores concordam em definí-lo atualmente como um papa reacionário, apesar de em 1846 ter sido considerado liberal, nem todos concordam sobre seu anti-semitismo.
De acordo com a "Concilium", Pio 9 "construiu em 1850 os muros do 'ghetto' de Roma e convidou os sacerdotes a batizarem em segredo as crianças judias, tirando-as de seus pais".
Os teólogos da revista enviaram em julho passado a João Paulo 2º uma carta solicitando que renunciasse à beatificação de Pio 9, um papa que, para eles, "consolidou o sistema absolutista e paternalista da Igreja".
Os católicos conservadores, de movimentos como Comunhão e Libertação, estimulados pelo ex-primeiro-ministro italiano Júlio Andreotti, durante sua recente reunião anual de Rimini (região central da Itália), aprovaram a decisão de João Paulo 2º.
Durante seu longo pontificado de 31 anos e 7 meses, o maior da história depois do de São Pedro, Pio 9 decretou a infalibilidade do chefe da Igreja Católica durante o Concílio Vaticano 1º e proclamou o dogma da Imaculada Conceição.
Alguns historiadores argumentam que Pio 9 pressionou fortemente os bispos mais influentes para que apoiassem o Concílio Vaticano 1º.
Pio 9 é o autor de "Syllabus", um documento que condena os "maiores erros" de sua época: o liberalismo, o socialismo, o comunismo, o galicalismo (a doutrina da igreja da França e sua liturgia) e todos aqueles que "negam a soberania temporal dos papas", que viu desaparecer durante seu pontificado.
Condenou também a soberania do povo, a separação entre a Igreja e o Estado e a igualdade de todas as religiões perante a lei.
Como resposta às críticas surgidas nos meios de imprensa, monsenhor Savaiva Martins, da Congregação para a Causa dos Santos, disse que "o que conta é a santidade pessoal dos papas, e não suas ações com relação a fatos sociais e políticos de seu tempo".
"Pio 9 viveu no final de uma época de grandes mudanças sociais e políticas, mas não foi derrotado pelos difíceis acontecimentos que marcaram seu tempo", escreveu no texto em que se decreta sua beatificação.
A definição do dogma de que Maria foi concebida sem pecado (Imaculada Conceição de Maria), e a reafirmação da primazia de Pedro, são dois temas que separam profundamente os cristãos e que revelam, segundo Martins, "a alma de um homem exclusivamente consagrado a Deus, ao serviço como Chefe da Igreja da construção do reino de Deus sobre a Terra", diz o texto.
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Beatificação de Pio 9 por João Paulo 2º causa polêmica
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A controvertida decisão do papa João Paulo 2º de beatificar o papa Pio 9, no próximo dia 3 de setembro, desata polêmicas um século depois da morte do pontífice identificado com o "obscurantismo".
Teólogos da prestigiosa revista internacional católica progressista "Concilium" compartilham da opinião de alguns setores judeus, que manifestaram sua indignação pela beatificação do papa Mastai Ferretti (Pio 9), que esteve à frente da Igreja Católica de 1846 a 1878, a quem acusam de ser anti-semita.
Se a maioria dos historiadores concordam em definí-lo atualmente como um papa reacionário, apesar de em 1846 ter sido considerado liberal, nem todos concordam sobre seu anti-semitismo.
De acordo com a "Concilium", Pio 9 "construiu em 1850 os muros do 'ghetto' de Roma e convidou os sacerdotes a batizarem em segredo as crianças judias, tirando-as de seus pais".
Os teólogos da revista enviaram em julho passado a João Paulo 2º uma carta solicitando que renunciasse à beatificação de Pio 9, um papa que, para eles, "consolidou o sistema absolutista e paternalista da Igreja".
Os católicos conservadores, de movimentos como Comunhão e Libertação, estimulados pelo ex-primeiro-ministro italiano Júlio Andreotti, durante sua recente reunião anual de Rimini (região central da Itália), aprovaram a decisão de João Paulo 2º.
Durante seu longo pontificado de 31 anos e 7 meses, o maior da história depois do de São Pedro, Pio 9 decretou a infalibilidade do chefe da Igreja Católica durante o Concílio Vaticano 1º e proclamou o dogma da Imaculada Conceição.
Alguns historiadores argumentam que Pio 9 pressionou fortemente os bispos mais influentes para que apoiassem o Concílio Vaticano 1º.
Pio 9 é o autor de "Syllabus", um documento que condena os "maiores erros" de sua época: o liberalismo, o socialismo, o comunismo, o galicalismo (a doutrina da igreja da França e sua liturgia) e todos aqueles que "negam a soberania temporal dos papas", que viu desaparecer durante seu pontificado.
Condenou também a soberania do povo, a separação entre a Igreja e o Estado e a igualdade de todas as religiões perante a lei.
Como resposta às críticas surgidas nos meios de imprensa, monsenhor Savaiva Martins, da Congregação para a Causa dos Santos, disse que "o que conta é a santidade pessoal dos papas, e não suas ações com relação a fatos sociais e políticos de seu tempo".
"Pio 9 viveu no final de uma época de grandes mudanças sociais e políticas, mas não foi derrotado pelos difíceis acontecimentos que marcaram seu tempo", escreveu no texto em que se decreta sua beatificação.
A definição do dogma de que Maria foi concebida sem pecado (Imaculada Conceição de Maria), e a reafirmação da primazia de Pedro, são dois temas que separam profundamente os cristãos e que revelam, segundo Martins, "a alma de um homem exclusivamente consagrado a Deus, ao serviço como Chefe da Igreja da construção do reino de Deus sobre a Terra", diz o texto.
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