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12/09/2000 - 20h31

EUA publicam documentos da CIA sobre ditadura no Chile

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da France Presse
em Washington

Os Estados Unidos anunciaram que vão publicar na quinta-feira (14) cerca de 11 mil documentos secretos sobre a ditadura do Chile, centenas deles são da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA). Mas de acordo com peritos o material foi censurado e não é possível constatar o verdadeiro papel dos serviços secretos norte-americanos no desenrolar do golpe de Estado de 1973, que levou o general Augusto Pinochet ao poder.

O lote de documentos será publicado depois de uma ordem de desclassificação (supressão devido à importância) do presidente Bill Clinton, que data de fevereiro de 1999. O lote inclui arquivos da CIA, do Departamento de Estado e do Pentágono.

Como antecipou no mês passado o diretor da CIA, George Tenet, o lote de documentos compreende "mais de 500 documentos da CIA" vinculados a graves violações dos direitos humanos.

A CIA aceitou publicar "várias centenas" de documentos sobre suas operações sigilosas para desestabilizar o presidente socialista Salvador Allende em 1970, mas o material já era de conhecimento público depois de uma série de audiências feitas no Congresso norte-americano em 1975.

Tenet adiantou que também haverá informação sobre o assassinato do ex-chanceler chileno Orlando Letelier pela Dina (polícia secreta chilena) em Washington, em 1976. Trata-se de "relatórios sobre os esforços de Pinochet e Manuel Contreras, o ex-chefe da Dina, para tentar envolver a CIA no assassinato de Letelier", indicou.

No entanto, em carta enviada no dia 11 de agosto ao representante democrata George Miller (Califórnia), Tenet advertiu que a CIA queria manter em segredo todos os documentos do período 1962-1975 "que revelam métodos de inteligência utilizados em todo o mundo".

Tenet assegurou que de modo algum tentaram esconder informação embaraçosa para o governo dos Estados Unidos, mas apenas proteger as fontes e os métodos utilizados pela CIA.

Peter Kronbluh, analista da organização não-governamental National Security Archive, que estuda o processo de desclassificação sobre o Chile, acusou a CIA de querer "fazer a história de refém", mas disse acreditar que o debate na Casa Branca termine sendo vencido pelos que defendem a desclassificação".

Segundo Kornbluh, outros documentos permitirão "saber muito sobre o debate interno em Washington sobre o tema e sobre a aplicação de sanções a Pinochet depois do atentado contra Letelier. Os documentos revelariam também o apoio da administração de Ronald Reagan às ditaduras da América Latina entre 1980 e 1988".

O perito teme que os arquivos enfim publicados omitam o papel da CIA "em sua ajuda ao general Pinochet na consolidação do poder depois do sangrento golpe de Estado de 11 de setembro de 1973".

"Os documentos posteriores ao golpe, que datam de 1973 a 1975, e que a CIA se nega a revelar, incluem as relações entre a CIA e a Dina" e "planos eventuais com listas de pessoas a serem presas", assegura Kornbluh, baseando-se em suas investigações, em informações já reveladas no Congresso dos EUA e na carta de Tenet.

Arquivos já desclassificados indicam que imediatamente depois de Allende ser eleito presidente do Chile, em 1970, o presidente Richard Nixon deu pessoalmente ao chefe da CIA, Richard Helms, a ordem de ajudar a derrubá-lo por meio de um golpe de Estado, temendo que o Chile se transformasse numa nova Cuba no hemisfério sul.

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