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18/03/2006 - 12h44

Bush diz que violência no Iraque não acabará tão cedo

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da Folha Online

Três anos depois da invasão do Iraque e com mais de 2.300 mortos desde então, o desapontamento toma conta dos americanos, mas o presidente George W. Bush, cujo legado está em jogo no país árabe, mantém sua política e garante que não voltará atrás.

"Estes últimos três anos testaram nossa determinação. Vimos dias duros e passos para atrás", admitiu o presidente, que declarou que seu Governo "está consertando o que não funcionou".

"Terminaremos a missão. Vencendo os terroristas no Iraque, traremos mais segurança para o nosso país", disse Bush em seu programa semanal de rádio.

As declarações do presidente acontecem dois dias depois que as tropas americanas lançassem o maior ataque aéreo desde o começo da invasão no Iraque, na chamada "Operação Enxame", em que mais de 60 pessoas foram detidas.

Cenário devastado

O terceiro aniversário do conflito encontra Bush em condições muito diferentes daquela noite do dia 19 (madrugada de 20 no país árabe) de março de 2003, quando deu a ordem de começar a invasão no Iraque com o argumento que o regime de Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa, que nunca seriam encontradas.

Se então 69% dos americanos apoiavam o presidente e a guerra, hoje as pesquisas apontam que a popularidade de Bush está no menor nível de seus cinco anos de mandato: entre 36 e 37%.

Atualmente, 57% dos americanos consideram a invasão um erro, contra os 23% que tinham essa opinião em março de 2003.

As mesmas pesquisas também indicam que o andamento do conflito, em que os EUA ainda mantêm mais de 130.000 soldados, é a principal preocupação dos americanos, superando qualquer outro aspecto da política da atual Administração.

Dois terços dos americanos acham que a história lembrará Bush pelo conflito no país árabe e as conseqüências a longo prazo que este venha a ter, segundo pesquisa elaborada esta semana pelo instituto Gallup.

A fraqueza do presidente relacionada ao Iraque o debilitou muito para enfrentar outros problemas.

A situação ficou clara na semana passada, quando a oposição no Congresso levou ao fracasso de um acordo, apoiado pessoalmente por Bush, para que uma empresa árabe administrasse seis portos americanos.

Numerosos legisladores republicanos se opunham a essa iniciativa, algo que teria sido insólito há apenas um ano, quando o presidente acabava de ser reeleito para um segundo mandato.

Agora, o presidente enfrenta uma moção de censura dentro do Senado, iniciativa do senador democrata Russ Feingold que tem um único precedente, em 1834, contra Andrew Jackson. Apesar de ter caráter meramente formal, a moção requer a realização de uma votação no plenário da câmara.

Bush também teve que abrir mão de uma série de iniciativas internas promovidas com estardalhaço, como a reforma do sistema previdenciário, e optar por objetivos muito mais modestos, como mudanças na assistência médica aos idosos.

Segundo declarou ao jornal "USA Today" o analista político Steven Schier, autor do livro "High Risk and Big Ambition: The Presidency of George W. Bush", a Casa Branca "esperava no segundo mandato se dedicar a outra série de coisas, como a reforma da Previdência Social, mas tudo isso ficou de lado por causa do Iraque".

Um dos principais assessores das campanhas eleitorais de Bush, Mark McKinnon, afirmou que "a guerra está sendo o motor de praticamente tudo neste Governo".

Diante da situação, o presidente se viu obrigado, pela segunda vez em quatro meses, a iniciar uma campanha de discursos em defesa da guerra.

A primeira, em novembro, levou a uma alta nos índices de popularidade de Bush em um momento em que o presidente enfrentava uma difícil situação devido não apenas à guerra, mas também ao impacto do furacão Katrina e à apresentação de acusações formais de perjúrio contra um alto funcionário da Casa Branca, entre outras questões.

Em sua nova campanha, apresentada na segunda-feira passada, Bush assegurou, como tem feito até agora, que os EUA se manterão no Iraque o tempo que for necessário.

Mas também reconheceu que o país árabe atravessa momentos muito delicados, especialmente com a violência confessional que explodiu após o atentado contra a Mesquita Dourada de Samarra, um dos principais santuários xiitas.

"Gostaria de poder dizer que a violência está diminuindo e que o caminho pela frente será um mar de rosas. Não será", disse o presidente ao pedir paciência aos americanos.

A mensagem é muito diferente da transmitida pela faixa com a frase "Missão cumprida" que aparecia atrás do presidente americano quando este deu por encerradas, no começo de maio de 2003, as principais operações militares no Iraque.

Com agências internacionais

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