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08/05/2006 - 16h06

Bush indica general para o cargo de diretor da CIA

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da Folha Online

O presidente americano, George W. Bush, nomeou o general Michael Hayden para chefiar a CIA (agência de inteligência dos EUA) nesta segunda-feira, uma decisão que motivou críticas até mesmo por parte de parlamentares republicanos (governistas).

"Tenho hoje o prazer de nomear o general Michael Hayden para o cargo de próximo diretor da CIA", declarou Bush no Salão Oval da Casa Branca.

Hayden, 61, é atualmente o braço direito do diretor da Inteligência Nacional, John Negroponte, que comanda as 16 agências, entre elas a CIA, e as 100 mil pessoas que trabalham no setor.

Roger Wollenberg/Efe
O presidente George W. Bush (dir.) apresenta Michael Hayden como novo diretor da CIA
O general foi chamado para substituir Porter Goss, que apresentou a demissão na sexta-feira (5).

Para justificar a escolha, o presidente destacou a experiência do general. "Mike Hayden é extremamente qualificado para este cargo", afirmou Bush, ressaltando seus "mais de 20 anos de experiência no setor da inteligência".

"Ele é o homem que precisamos para dirigir a CIA nesse momento crucial na história de nosso país", acrescentou Bush, que pediu ao Senado que confirme a nomeação de Hayden.

Republicanos e democratas levantaram questionamentos sobre a vantagem de se colocar um oficial militar à frente da agência civil de espionagem.

"A CIA continuará sendo, como indica seu nome, a peça central da inteligência dos EUA", afirmou hoje Negroponte. O diplomata de carreira disse que a CIA aumentará "o número de pessoal em campo e será a provedora primordial de inteligência humana".

Hayden ainda deverá ser submetido a uma sabatina para a confirmação de seu nome pelo Senado americano.

Críticas

Durante o fim de semana, quando o nome de Hayden já era citado por membros do governo como o possível substituto de Goss, foram feitas críticas inclusive dentro da maioria republicana.

Antes de trabalhar com Negroponte, o general Hayden dirigiu entre 1999 e 2005 a Agência para a Segurança Nacional (NSA), encarregada da inteligência eletrônica. Neste cargo, ele supervisionou um controvertido programa de grampos extrajudiciais aplicado contra americanos em virtude da luta contra o terrorismo.

Os detratores do general também não vêem com bons olhos a chegada de um militar ao comando da CIA, que reforça os temores de que o Pentágono esteja estendendo sua influência no setor da inteligência.

"Para enviar um sinal de independência em relação ao Pentágono, o general Hayden poderia ir para a reserva na Aeronáutica. Assim, ele resolveria a questão de saber se cabe ter um oficial da ativa no comando da CIA", declarou a senadora republicana Susan Collins.

O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Pete Hoekstra, também havia considerado ontem que este não era o momento adequado para "um militar liderar uma agência civil".

Hayden será encarregado de "continuar as reformas iniciadas por Porter Goss", disse Bush.

Goss não deu explicações sobre sua repentina renúncia menos de dois anos após ter assumido o cargo. Os analistas políticos em Washington destacaram os desentendimentos dele com Negroponte.

"O trabalho da CIA nunca foi tão importante para a segurança do povo americano", finalizou o Bush.

Queda-de-braço

"Há uma tensão entre as necessidades do Pentágono e das autoridades civis no âmbito de espionagem, análise e inteligência", disse o acadêmico Helmut Sonnenfeldt, especialista em espionagem do Instituto Brookings, em Washington.

A nomeação de Hayden, segundo os analistas, vai criar uma queda-de-braço entre Negroponte, cujo cargo foi criado no ano passado, em uma reorganização dos serviços de informação, e o chefe do Pentágono, Donald Rumsfeld, que controla 80% do orçamento dos serviços de espionagem e análise dos EUA.

A referência de Negroponte hoje à "inteligência humana", no jargão das agências de espionagem, é uma referência aos agentes infiltrados no mundo todo, que obtêm informação por contatos diretos, em contraste com a informação obtida por espionagem eletrônica ou a partir de satélites.

A CIA foi muito criticada nos últimos anos, tanto por não ter detectado os planos dos terroristas que atacaram os EUA em 11 de setembro de 2001, como pela informação sobre as supostas armas biológicas, químicas e radioativas no Iraque antes da invasão americana em 2003.

Quando essas críticas levaram à demissão do então diretor da CIA, George Tenet, Bush nomeou há 19 meses o ex-agente e ex-legislador republicano Porter Goss para reformar a mais famosa das 16 agências de espionagem e inteligência dos EUA.

Na sexta-feira passada, após uma gestão marcada por disputas com funcionários de carreira na CIA, Goss anunciou sua demissão sem dar mais explicações.

Imediatamente, o nome de Hayden --"número dois" do escritório de Negroponte-- surgiu como alternativa.

Na opinião de Sonnenfeldt, há exagero sobre as diferenças entre o Pentágono e os funcionários civis em relação à gestão dos órgãos de espionagem.

"É claro que o Pentágono tem pessoal destacado no mundo todo, há tropas na Ásia, na África, na Europa", acrescentou, mas "a preocupação primordial do Pentágono é o acesso imediato a qualquer informação sobre ameaças a essas forças, sem que essa informação tenha que passar por camadas e camadas de analistas e burocratas".

O enfoque dos funcionários civis, no entanto, tem outras prioridades, explicou o analista. Para ele, vários aspectos da luta contra o terrorismo envolvem a área policial interna.

"Por exemplo, diante de uma suspeita de ataque terrorista, a informação pode ir primeiro para a polícia local, que chamará a polícia federal americana (FBI) ou, se necessário, a especialistas militares em explosivos ou compostos tóxicos", acrescentou Sonnenfeldt.

Com agências internacionais

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