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08/09/2006 - 20h27

Relatório do Senado dos EUA nega vínculo entre Saddam e Al Qaeda

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da France Presse, em Washington

Saddam Hussein não tinha ligações com a Al Qaeda ou com Abbu Musab al Zarqawi antes da Guerra no Iraque, informou nesta sexta-feira um relatório do Senado americano, contradizendo as repetidas justificativas do presidente George W. Bush para invadir o país árabe.

"Saddam Hussein não confiava na Al Qaeda e via os extremistas islâmicos como uma ameaça a seu regime, recusando qualquer demanda da Al Qaeda para fornecer apoio material ou operacional", afirma o relatório, que desencadeou um novo debate político no país.

O informe também desmentiu afirmações da administração Bush de que Saddam tinha ligações com a Al Qaeda no Iraque e com seu líder Al Zarqawi, morto num ataque americano no dia 7 de junho.

"A informação do pós-guerra indica que Saddam Hussein tentou, sem sucesso, localizar e capturar Al Zarqawi, e que o regime não tinha ligações com Al Zarqawi nem fazia vista grossa para a Al Qaeda no Iraque", explica o documento.

Por várias vezes, Saddam recusou convites para se encontrar com membros da Al Qaeda, informa o relatório.

Antes e depois da invasão de 2003, a administração Bush apontou ligações entre o Iraque e grupos terroristas, inclusive a Al Qaeda, para justificar parcialmente a guerra.

Em 14 de junho de 2004, por exemplo, o vice-presidente Dick Cheney disse: "Saddam Hussein estava no poder de um dos mais sangrentos regimes do séculos 20 (...) ele tinha laços antigos com a Al Qaeda".

Um dia depois, Bush foi questionado sobre qual seria a principal evidência de ligação entre Saddam Hussein e a Al Qaeda. "Al Zarqawi. Al Zarqawi é a melhor evidência de conexão com os membros da Al Qaeda e com a rede", respondeu Bush.

No dia 21 de agosto deste ano, Bush disse: "Imagine um mundo no qual Saddam Hussein tenha a capacidade de construir uma arma de destruição em massa, no qual ele tenha pago suicidas para matar inocentes (...) no qual tenha relações com Al Zarqawi".

O relatório também descobriu que o Iraque encerrou seu programa nuclear em 1991 e sua capacidade para reconstruí-lo declinou depois dessa data. A administração proclamou, antes da invasão do país, que o programa havia sido retomado pelo Iraque.

Um segundo relatório do Comitê do Senado publicado nesta sexta-feira mostrou o papel que o Congresso Nacional iraquiano exilado teve em fornecer informações sobre o programa de armas de destruição em massa de Saddam.

O relatório do Senado desencadeou um novo debate, às vésperas das eleições legislativas de novembro, sobre os motivos que levaram os Estados Unidos à guerra contra o Iraque.

"Hoje os relatórios mostram que os argumentos da administração de que haveria relações entre a Al Qaeda e o Iraque estavam errados e visavam a explorar o profundo sentimento de insegurança entre os americanos no período imediatamente posterior aos ataques de 11 de setembro", disse o senador democrata John Rockefeller num comunicado.

"A administração tentou e foi bem-sucedida na tarefa de criar a falsa impressão de que a Al Qaeda e o Iraque representavam uma única ameaça aos Estados Unidos", disse ele.

Outro democrata, o senador Carl Levin, disse que o relatório era "um indício devastador para as tentativas enganosas da administração de convencer o povo americano de que Saddam Hussein tinha vínculos com a Al Qaeda".

Antes da divulgação do relatório, o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, disse que ele não continha "nada novo".

"Novamente, é uma retomada do debate de coisas que aconteceram há três anos", disse ele.

"A preocupação do presidente esta semana, como você viu, é pensar: 'ok, vamos deixar as pessoas debaterem sobre o que ocorreu há três anos'. O importante é descobrir o que você estará fazendo amanhã e no dia seguinte e no mês seguinte e no ano seguinte para ter certeza de que a guerra contra o terrorismo foi vencida".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Saddam Hussein
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