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Quarta-feira, 3 de maio de 2000

A volta da matadora

Thales de Menezes
     
Diego Medina



De uns dias para cá, Martina Navratilova ganhou espaço na mídia, com o anúncio de seu retorno às competições do circuito professional.

A ex-número um do mundo vai jogar duplas ao lado da sul-africana Mariaan de Swardt, sua parceira mais constante nas últimas temporadas que jogou.

A idéia da volta cresceu aos poucos. Primeiro, um convite para jogar a chave de duplas de Wimbledon, e não existe torneio no qual a grande campeã se sinta mais em casa do que o tradicional evento inglês.

E não existe tenista, homem ou mulher, que os sisudos mas apaixonados torcedores britânicos admirem tanto. Depois dessa notícia, que já anima qualquer um que goste de tênis, Navratilova anunciou que jogará também Roland Garros.

E, parem as rotativas, agora a veterana declarou que volta já no próximo dia 22, no torneio da WTA em Madri. Segundo ela, para pegar ritmo na quadra de saibro, já que Navratilova continua jogando todos os dias, mas em suas quadras de piso rápido, dentro de sua mansão em Aspen, no Colorado.

Amigos relatam que a tenista até tentou fugir das raquetes no início de sua aposentadoria, há mais de cinco anos, e passou a esquiar, jogar golfe e viajar de moto pelos EUA.

Mas, quando voltou a dar suas raquetadas, não parou mais. Entre os felizardos que ela convida para jogar em Aspen estão os ex-profissionais Bill Scanlon, Gene Meyer, Tim Mayotte, Billie Jean King e Chris Evert.

Uma turma dessas dá outra dimensão à expressão "bater uma bolinha no fim-de-semana". Agora, a pergunta que não quer calar: o que esperar de Martina Navratilova nesse retorno, aos 45 anos? Uma tenista magnífica, com alguma dificuldade para se movimentar com velocidade na quadra.

Mas o fato de jogar em dupla vai atenuar a necessidade de correr de um lado para outro. Ela vai ter um espaço tranquilo para reprisar alguns dos golpes mais matadores da história.

Vamos deixar de lado as polêmicas acumuladas por Navratilova em sua trajetória. Esqueçer o conturbado processo de naturalização nos EUA, a coragem de assumir publicamente sua homossexualidade no auge da carreira, a disposição de sempre falar o que pensa, mesmo batendo de frente com dirigentes e patrocinadores.

É hora de lembrar só da tenista na quadra, a primeira mulher a manter um jogo agressivo o tempo inteiro. Ela abriu caminho para Steffi Graf e Martina Hingis.

Depois de Navratilova, os próprios professores de tênis passaram a pedir mais agressividade de suas alunas. Antes dela, muitos pensavam até na asneira que as mulheres não poderiam executar os mesmos movimentos de drives e saque dos homens por causa dos seios (é verdade, pessoal).

Se existissem mais jogadoras como ela, com a mesma atitude de ataque na quadra, o tênis feminino atrairia mais público. Um fenômeno como Martina Navratilova só poderia ter surgido mesmo na atual República Tcheca, onde culturalmente a garota não tem medo de parecer masculinizada ao desenvolver o corpo no esporte.

Se em cada jogo de seu retorno ela der alguns daqueles saques profundos, seguidos de voleios curtos, baixos e matadores, cada dólar do ingresso terá sido bem empregado.


NOTAS

A amiga Internet
Muitos leitores pedem informações sobre como comprar vídeos de jogos históricos. O mais procurado é a famosa final de Wimbledon de 1980, Borg diante de McEnroe, com o sueco ganhando seu quinto título seguido. Para muita gente, o melhor jogo de tênis de todos os tempos. A resposta, para esse e outros jogos, é uma só: fuçar na Internet. Confesso que não consegui achar muita coisa, e a maioria dos sites é de empresas inglesas. Como nosso sistema de VHS é diferente do britânico, nada feito. Mas o caminho é esse. Clicar e procurar.

Brasil na cabeça
Apesar de Gustavo Kuerten ainda estar parado, o Brasil tem uma situação rara nesta semana, com jogadores como cabeça-de-chave em dois torneios da ATP. Fernando Meligeni saiu como sexto pré-classificado no BMW Open, em Munique, e André Sá foi listado como o cabeça-de-chave número sete no U.S. Men’s Clay Court, em Orlando.



E-mail: thalesmenezes@uol.com.br


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