Diego
Medina
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De uns dias para cá, Martina Navratilova ganhou espaço na
mídia, com o anúncio de seu retorno às competições do circuito
professional.
A ex-número um do mundo vai jogar duplas ao lado da sul-africana
Mariaan de Swardt, sua parceira mais constante nas últimas
temporadas que jogou.
A idéia da volta cresceu aos poucos. Primeiro, um convite
para jogar a chave de duplas de Wimbledon, e não existe torneio
no qual a grande campeã se sinta mais em casa do que o tradicional
evento inglês.
E não existe tenista, homem ou mulher, que os sisudos mas
apaixonados torcedores britânicos admirem tanto. Depois dessa
notícia, que já anima qualquer um que goste de tênis, Navratilova
anunciou que jogará também Roland Garros.
E, parem as rotativas, agora a veterana declarou que volta
já no próximo dia 22, no torneio da WTA em Madri. Segundo
ela, para pegar ritmo na quadra de saibro, já que Navratilova
continua jogando todos os dias, mas em suas quadras de piso
rápido, dentro de sua mansão em Aspen, no Colorado.
Amigos relatam que a tenista até tentou fugir das raquetes
no início de sua aposentadoria, há mais de cinco anos, e passou
a esquiar, jogar golfe e viajar de moto pelos EUA.
Mas, quando voltou a dar suas raquetadas, não parou mais.
Entre os felizardos que ela convida para jogar em Aspen estão
os ex-profissionais Bill Scanlon, Gene Meyer, Tim Mayotte,
Billie Jean King e Chris Evert.
Uma turma dessas dá outra dimensão à expressão "bater uma
bolinha no fim-de-semana". Agora, a pergunta que não quer
calar: o que esperar de Martina Navratilova nesse retorno,
aos 45 anos? Uma tenista magnífica, com alguma dificuldade
para se movimentar com velocidade na quadra.
Mas o fato de jogar em dupla vai atenuar a necessidade de
correr de um lado para outro. Ela vai ter um espaço tranquilo
para reprisar alguns dos golpes mais matadores da história.
Vamos deixar de lado as polêmicas acumuladas por Navratilova
em sua trajetória. Esqueçer o conturbado processo de naturalização
nos EUA, a coragem de assumir publicamente sua homossexualidade
no auge da carreira, a disposição de sempre falar o que pensa,
mesmo batendo de frente com dirigentes e patrocinadores.
É hora de lembrar só da tenista na quadra, a primeira mulher
a manter um jogo agressivo o tempo inteiro. Ela abriu caminho
para Steffi Graf e Martina Hingis.
Depois de Navratilova, os próprios professores de tênis passaram
a pedir mais agressividade de suas alunas. Antes dela, muitos
pensavam até na asneira que as mulheres não poderiam executar
os mesmos movimentos de drives e saque dos homens por causa
dos seios (é verdade, pessoal).
Se existissem mais jogadoras como ela, com a mesma atitude
de ataque na quadra, o tênis feminino atrairia mais público.
Um fenômeno como Martina Navratilova só poderia ter surgido
mesmo na atual República Tcheca, onde culturalmente a garota
não tem medo de parecer masculinizada ao desenvolver o corpo
no esporte.
Se em cada jogo de seu retorno ela der alguns daqueles saques
profundos, seguidos de voleios curtos, baixos e matadores,
cada dólar do ingresso terá sido bem empregado.
NOTAS
A amiga Internet
Muitos leitores pedem informações sobre como comprar
vídeos de jogos históricos. O mais procurado é a famosa final
de Wimbledon de 1980, Borg diante de McEnroe, com o sueco
ganhando seu quinto título seguido. Para muita gente, o melhor
jogo de tênis de todos os tempos. A resposta, para esse e
outros jogos, é uma só: fuçar na Internet. Confesso que não
consegui achar muita coisa, e a maioria dos sites é de empresas
inglesas. Como nosso sistema de VHS é diferente do britânico,
nada feito. Mas o caminho é esse. Clicar e procurar.
Brasil na cabeça
Apesar de Gustavo Kuerten ainda estar parado, o Brasil
tem uma situação rara nesta semana, com jogadores como cabeça-de-chave
em dois torneios da ATP. Fernando Meligeni saiu como sexto
pré-classificado no BMW Open, em Munique, e André Sá foi listado
como o cabeça-de-chave número sete no U.S. Men’s Clay Court,
em Orlando.
E-mail: thalesmenezes@uol.com.br
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