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Sexta-feira, 21 de abril de 2000
Contrato cancela luta de Xuxa

Eduardo Ohata
     
Diego Medina
Você, leitor, assinaria um contrato de financiamento para sua casa própria sem ler aquelas letrinhas minúsculas, ‘‘de bula’’, que aparecem no final do documento?

Você colocaria sua assinatura em um documento sem antes lê-lo, seja ele um contrato de trabalho, uma apólice de seguro ou uma simples procuração?

Não é necessário ser um neurótico para ter esse tipo de preocupação. Pois esses cuidados básicos os boxeadores brasileiros estão deixando de lado. Por pouco eles não assinam papéis em branco.

O último caso é o do brasileiro Edson do Nascimento, o Xuxa, que não vai mais disputar o cinturão dos leves da Associação Mundial de Boxe, tudo porque não prestou atenção nas ‘‘letras pequenas’’ no contrato.

Aliás, Xuxa parece não ter prestado atenção em letra alguma. Ávido por obter uma chance para disputar um cinturão, assinou contrato com o empresário mexicano Ignacio ‘‘Nacho’’ Huizar.

O problema é que o contrato não dava conta, em momento algum, do valor da bolsa do lutador brasileiro. Também concedia direitos quase ilimitados ao mexicano no gerenciamento da carreira do brasileiro e na negociação e no uso de suas imagens.

Huizar, por sua vez, assinou contrato com o promotor de lutas Don King, no qual era garantida uma bolsa de US$ 75 mil à Xuxa caso enfrentasse o campeão (só a data ainda estaria em aberto, o que, aliás, é alegado como o motivo para o rompimento).

Arrependido por ter aberto mão de todos os seus direitos, Xuxa não participou de seu último compromisso, na semana passada, nos EUA, uma luta supostamente preparatória para o desafio pelo título, arrumada por Huizar. O brasileiro alegou doença e deixou o mexicano na mão.

Agora, reza para que a notificação de cancelamento do documento, já enviada ao México por seu patrocinador, Pepe Altstut, surta efeito. Como argumento para invalidar a documentação com o mexicano, cita outro contrato, previamente assinado, com o brasileiro Mauro Katzenelson.

E como se assinar contratos fosse o seu hobby, no ano passado assinou com um terceiro empresário. Depois voltou atrás e, com a ajuda de seu patrocinador, conseguiu invalidar o documento.

E para provar que Xuxa não é a exceção à regra, outra jovem promessa brasileira, o invicto meio-médio-ligeiro Antonio Mesquita, o Mesquitinha, também assinou contrato com ‘‘Nacho’’ Huizar.

Aliás, nem mesmo Acelino Freitas, o Popó, teria escapado desta armadilha. Queixou-se ele, em dada oportunidade, por ter assinado uma extensão de contrato com seus empresários achando que era papelada de patrocinadores. Hoje, diz que isso é passado e que a situação já foi acertada.

Mas esse tipo de complicação legal não é privilégio dos brasileiros. Milhares de americanos já acabaram na rua da amargura por assinar esses contratos sem riscos... para os empresários.


NOTAS

TV 1
Complementando a informação da semana passada, aqui está o cardápio completo dos rivais, todos americanos, oferecido pela rede de TV a cabo HBO para a estréia do brasileiro Acelino Freitas, o Popó, na emissora, em junho: Tom ‘‘Boom Boom’’ Johnson, Tracy Harris Patterson, Kevin Kelley e Roberto Garcia. Todos são ex-campeões, mas com exceção deste último, estão em decadência. O que não significa, de maneira alguma, que sejam adversários fáceis.

TV 2
O campeão brasileiro dos pesados George Arias enfrenta o argentino Pedro Franco na próxima terça-feira, no ginásio Baby Barioni (SP), com transmissão pelo SBT.

Revista
O porto-riquenho Félix Trinidad posou para um ensaio para a revista GQ, a ser publicada na edição de junho.


E-mail
: eohata@folhasp.com.br

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