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Diego
Medina
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Você,
leitor, assinaria um contrato de financiamento para sua casa
própria sem ler aquelas letrinhas minúsculas, ‘‘de bula’’, que
aparecem no final do documento?
Você colocaria sua assinatura em um documento sem antes lê-lo,
seja ele um contrato de trabalho, uma apólice de seguro ou uma
simples procuração?
Não é necessário ser um neurótico para ter esse tipo de preocupação.
Pois esses cuidados básicos os boxeadores brasileiros estão
deixando de lado. Por pouco eles não assinam papéis em branco.
O último caso é o do brasileiro Edson do Nascimento, o Xuxa,
que não vai mais disputar o cinturão dos leves da Associação
Mundial de Boxe, tudo porque não prestou atenção nas ‘‘letras
pequenas’’ no contrato.
Aliás, Xuxa parece não ter prestado atenção em letra alguma.
Ávido por obter uma chance para disputar um cinturão, assinou
contrato com o empresário mexicano Ignacio ‘‘Nacho’’ Huizar.
O problema é que o contrato não dava conta, em momento algum,
do valor da bolsa do lutador brasileiro. Também concedia direitos
quase ilimitados ao mexicano no gerenciamento da carreira do
brasileiro e na negociação e no uso de suas imagens.
Huizar, por sua vez, assinou contrato com o promotor de lutas
Don King, no qual era garantida uma bolsa de US$ 75 mil à Xuxa
caso enfrentasse o campeão (só a data ainda estaria em aberto,
o que, aliás, é alegado como o motivo para o rompimento).
Arrependido por ter aberto mão de todos os seus direitos, Xuxa
não participou de seu último compromisso, na semana passada,
nos EUA, uma luta supostamente preparatória para o desafio pelo
título, arrumada por Huizar. O brasileiro alegou doença e deixou
o mexicano na mão.
Agora, reza para que a notificação de cancelamento do documento,
já enviada ao México por seu patrocinador, Pepe Altstut, surta
efeito. Como argumento para invalidar a documentação com o mexicano,
cita outro contrato, previamente assinado, com o brasileiro
Mauro Katzenelson.
E como se assinar contratos fosse o seu hobby, no ano passado
assinou com um terceiro empresário. Depois voltou atrás e, com
a ajuda de seu patrocinador, conseguiu invalidar o documento.
E para provar que Xuxa não é a exceção à regra, outra jovem
promessa brasileira, o invicto meio-médio-ligeiro Antonio Mesquita,
o Mesquitinha, também assinou contrato com ‘‘Nacho’’ Huizar.
Aliás, nem mesmo Acelino Freitas, o Popó, teria escapado desta
armadilha. Queixou-se ele, em dada oportunidade, por ter assinado
uma extensão de contrato com seus empresários achando que era
papelada de patrocinadores. Hoje, diz que isso é passado e que
a situação já foi acertada.
Mas esse tipo de complicação legal não é privilégio dos brasileiros.
Milhares de americanos já acabaram na rua da amargura por assinar
esses contratos sem riscos... para os empresários.
NOTAS
TV 1
Complementando a informação da semana passada, aqui está o cardápio
completo dos rivais, todos americanos, oferecido pela rede de
TV a cabo HBO para a estréia do brasileiro Acelino Freitas,
o Popó, na emissora, em junho: Tom ‘‘Boom Boom’’ Johnson, Tracy
Harris Patterson, Kevin Kelley e Roberto Garcia. Todos são ex-campeões,
mas com exceção deste último, estão em decadência. O que não
significa, de maneira alguma, que sejam adversários fáceis.
TV 2
O campeão brasileiro dos pesados George Arias enfrenta o argentino
Pedro Franco na próxima terça-feira, no ginásio Baby Barioni
(SP), com transmissão pelo SBT.
Revista
O porto-riquenho Félix Trinidad posou para um ensaio para a
revista GQ, a ser publicada na edição de junho.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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