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Peça recupera elo entre circo e melodrama

Com a versatilidade da linguagem circense, "A Ré Misteriosa" é a 3ª montagem do ciclo da companhia Os Fofos Encenam

Projeto surgiu quando diretor achou 200 textos no baú de sua família, que trabalhava em picadeiros décadas atrás

MARCIO AQUILES DE SÃO PAULO

Montar um espetáculo em duas semanas e reviver a glória do circo de sua família.

Com essa ideia em mente, o diretor Fernando Neves empreende o projeto Baú da Arethuzza, em que Os Fofos Encenam levam ao palco cinco montagens-relâmpago: ensaiam apenas duas semanas e ficam outras duas em cartaz.

Ao vasculhar os acervos de sua família, o encenador encontrou aproximadamente 200 textos, entre manuscritos e datilografados.

"Demorei 28 anos para entender a riqueza daquelas peças. O real e o imaginário caminhavam juntos no circo, e a estética se criava a partir da relação com o público", afirma Neves.

Estreia de hoje, "A Ré Misteriosa", terceira montagem do ciclo, é o ponto de inflexão dessa trajetória veloz.

Se a pantomima (calcada em gestos e expressões faciais) e a comédia musical levaram a tenda e o picadeiro ao Espaço dos Fofos nas primeiras peças, o novo espetáculo atualiza o melodrama circense dentro de um cenário inusitado.

O público se senta em cadeiras giratórias dispostas no centro do palco, ao passo que a narrativa toma conta dos arredores e dos cantos da sala.

"Retiramos o clichê do melodrama, mas sem deixar de considerar que o melodrama é maniqueísta. Em sua dramaturgia, não existe psicologismo: o vilão é vilão, a ingênua é ingênua, não existe bipolaridade", afirma Neves.

HISTÓRIA FAMILIAR

O professor de história da arte Antonio Santoro, mais conhecido como Toco, é tio de Fernando Neves e participou das montagens originais da trupe Arethuzza nos anos 1940 e 1950.

"Eram peças de 12 atos, que fazíamos sem ponto [auxiliar oculto que ditava os textos], algo incomum naquele tempo", afirma. Como não iam à escola, tinham professores de francês, português, matemática, artes plásticas e história da arte no circo.

Estabelecida nos final dos anos 1930 na Mooca (zona leste), a companhia Arethuzza era uma trupe familiar, sem integrantes contratados. Foram pontas de lança ao sofisticar a linguagem circense: a exibição de feras e os números em que a destreza física era o chamariz foram sendo substituídos por pantomimas e melodramas inspirados na cinematografia hollywoodiana da época.

O pavilhão de zinco que reunia às vezes até mil espectadores, numa programação de terça-feira a domingo, fechou as portas em 1964, quando os espectadores começaram a rarear.


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