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Eduardo Coutinho encara as câmeras em documentário

Filme dirigido pelo videoartista Carlos Nader terá sessão hoje

FERNANDO MASINI DE SÃO PAULO

Eduardo Coutinho tem uma série de regras na hora de filmar: não entrevista conhecidos, prefere anônimos, só fala com uma pessoa se estiver perto dela, não fecha temas antes de rodar uma obra e não gosta de ser profundo.

Com esses elementos, o principal documentarista do país tornou-se uma lenda do cinema nacional, extraindo de seus personagens revelações íntimas e emocionantes.

Pela primeira vez, o diretor está na frente das câmeras. Ele é o protagonista do documentário "Eduardo Coutinho, 7 de Outubro", do videoartista paulistano Carlos Nader, conhecido por trabalhos como "O Beijoqueiro" (1992).

O filme, que abre a 14ª Retrospectiva do Cinema Brasileiro, será exibido hoje no CineSesc, em São Paulo.

Para o projeto, Nader teve a ideia de filmar com a própria equipe de Coutinho, do eletricista à montadora, com o objetivo de reproduzir o estilo do cineasta de 80 anos: "Eu me coloquei desde o começo do projeto na mesma frequência dele".

Não há cenários, apenas duas cadeiras, uma de frente para a outra. Trechos de filmes como "Edifício Master" (2002) e "Jogo de Cena" (2007) são intercalados com os depoimentos.

Na conversa que durou quatro horas --editada para o filme em pouco mais de uma hora--, Coutinho discorre sobre o método de trabalho que o tornou tão célebre: as entrevistas com anônimos que não seguem um tema, dando ao personagem total liberdade para contar o que lhe parece mais importante.

"Ser ouvido é uma das necessidades mais importantes do ser humano. Ser ouvido é ser legitimado", diz Coutinho em declaração a Nader. "Mas quem está preocupado em legitimar o outro?", questiona.

Seu dom de escutar com paciência e interesse é inegável, mas há outras habilidades menos evidentes no seu modo de trabalho. "Não é que ele senta na frente de uma pessoa e as coisas acontecem", afirma Nader. "Ele conduz, faz perguntas, não é um padre escondido atrás do confessionário. Está sempre escavando; quando a sonda encontra alguma coisa, ele deixar jorrar."

Assim nasceram depoimentos tocantes como o da empregada doméstica que trabalhou para o presidente Juscelino Kubitschek, em "Babilônia, 2000" (1999), ou o da personagem que se emociona com a animação "Nemo", em "Jogo de Cena".

Às vezes é preciso um silêncio constrangedor que paira entre entrevistador e entrevistado para se alcançar alguma revelação. Em "Peões" (2004), Coutinho está diante de um operário e espera 23 segundos sem falar nada.

Nader refere-se ao documentarista sem esconder a sua admiração: "Ele é um mestre para mim, além de ser doce e generoso" --apesar da fama de mal-humorado.

EDUARDO COUTINHO, 7 DE OUTUBRO
DIREÇÃO Carlos Nader
PRODUÇÃO Brasil, 2013
ONDE CineSesc, hoje, às 20h30
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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