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Crítica - Documentário

Filme faz forte narrativa sobre período ditatorial

Com exibição gratuita hoje em SP, 'Verdade 12.528' defende que impunidade do passado inspira tortura do presente

ELEONORA DE LUCENA DE SÃO PAULO

Ainda há muito para esclarecer sobre a ditadura militar implantada no Brasil com o golpe de 1964. Para além dos fatos, é necessário discutir os efeitos que a violência institucionalizada gerou na sociedade, com impactos até hoje.

Em torno dessas questões, Paula Sacchetta e Peu Robles constroem "Verdade 12.528". O documentário colhe depoimentos de militantes que foram torturados, de familiares de desaparecidos, de analistas, de integrantes da Comissão da Verdade.

A partir da criação desse grupo (pela lei nº 12.528 do título), os cineastas fazem uma narrativa forte. Mulheres falam das crueldades que sofreram nos calabouços do Estado: torturadas grávidas, na frente de filhos ameaçados.

Parentes de desaparecidos relatam a angústia e a dor da certeza-incerteza da morte. No Araguaia, moradores simples da região contam as atrocidades cometidas pelos militares que torturaram integrantes da comunidade e assassinaram guerrilheiros no interior do país.

Além de expor as vidas destroçadas de famílias, o filme busca uma análise. A própria eficácia da Comissão da Verdade é questionada. Integrantes do grupo falam, mas não tratam da atual crise da comissão (provavelmente as gravações foram anteriores aos rachas que podem afetar o trabalho investigativo).

Fica a ideia de que esse movimento de recuperação da história recente do Brasil demorou muito a ser feito --e isso tem consequências. Há críticas à Lei da Anistia, de 1979, e entrevistados pedem a punição dos torturadores, que seguem com suas vidas sem maiores problemas.

É quando o filme amarra a sua tese central: a impunidade do passado inspira e dá confiança ao torturador de hoje. Cenas de violência policial nas manifestações que brotaram nas ruas do país se confundem com as da repressão do período ditatorial.

Sem a pretensão de esgotar um tema tão vasto, o filme, com linguagem convencional, tem o mérito do foco. É um chamamento à Comissão da Verdade, aos governos, e, principalmente, à sociedade: a memória é, no mínimo, essencial ponto de partida.


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