Folha de S.Paulo

Exposição reúne obras 'fantasmagóricas'

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Uma enorme caixa luminosa muda de cor, de um azul glacial a um vermelho faiscante, enquanto nuvens de vapor flutuam ao seu redor, mergulhando o espaço da galeria numa neblina colorida.

Essa obra da artista belga Ann Veronica Janssens domina uma das alas de uma exposição agora em cartaz na galeria Nara Roesler. São peças feitas de luz, que vão desde clarões de cores mutantes a brilhos sutis na escuridão.

Nas palavras do curador Matthieu Poirier, "as formas fixas e estáveis das obras desaparecem e cedem espaço a aparições fantasmagóricas".

Isso explica o nome da mostra, "Spectres", ou espectros. E é mesmo o caso nas obras de James Turrell, o americano famoso por seus ambientes, entre eles uma cratera, que engolem o espectador em campos de luz.

Na galeria, estão dois quadros dele criados com hologramas, dando a ilusão de uma lâmina colorida que se projeta para fora do quadro.

Menos fantasmagórica, a obra em neon vermelho do minimalista americano Dan Flavin evidencia aquilo que o curador chama de "estrutura fenomenal", ou seja, não esconde a sua fonte de luz.

É também o caso do argentino Julio Le Parc. Sua escultura cinética balança uma lâmpada incandescente, fazendo sua silhueta distorcida pelo movimento ganhar vida em projeções no espaço.

Larry Bell, artista americano que teve uma mostra neste ano na filial paulistana da galeria White Cube, exibe aqui uma fina placa de vidro capaz de transformar a luz branca em espectro colorido que se alastra pelas paredes.

No caminho inverso, o japonês Hiroshi Sugimoto fotografa telas de cinema com longos tempos de exposição, fazendo com que os contornos das cenas se transformem em brancos totais, absolutos.

SPECTRES
QUANDO de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 5/7
ONDE Nara Roesler, av. Europa, 655, tel. 3063-2344
QUANTO grátis