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Crítica - Documentário

Diretor filma o Circo Voador com afeto

Com imagens de vídeo dos anos 1980, cineasta mostra a festa e a ressaca do espaço cultural carioca

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dois aspectos tornam "A Farra do Circo" um documentário fora do comum.

O primeiro é a opção por um "filme de montagem", concebido exclusivamente pela organização de material já existente, sem narração em off, grafismos excessivos ou entrevistas atuais que sirvam de amparo a esse material.

O segundo está na natureza dessas imagens, captadas em vídeo no começo dos anos 1980, período que antecedeu a revolução digital e apontava para a democratização dos meios de produção.

Durante anos, Roberto Berliner acompanhou com sua câmera as atividades do Circo Voador, primeiro em sua rápida passagem por Ipanema, no Arpoador; depois em sua fixação na Lapa, zona boêmia no centro do Rio de Janeiro, onde está até hoje.

A leveza do vídeo de Berliner e o polo de irradiação criativa do Circo, que extrapolou --e muito-- a função de "espaço cultural", formam um casamento perfeito.

Sabiamente, Berliner confiou na potência do próprio material e, em parceria com o montador e codiretor Pedro Bronz, o organizou de forma fluente e informativa, sem perder o caráter afetivo impregnado nas imagens.

Com justiça, o filme destaca o papel do ator Perfeito Fortuna na criação da "usina de sonhos".

A farra no título, aliás, se refere ao espetáculo "A Farra da Terra", do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, cujos integrantes --Perfeito Fortuna, Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães entre eles --tiveram papel fundamental para que o Circo "decolasse".

Berliner mostra a festa, mas também a ressaca. Seu filme termina com a viagem da trupe à Olimpíada de 1986, no México, quando a falta de pragmatismo da produção gera momentos tensos.

"A Farra do Circo", enfim, é o registro histórico de um momento muito especial da cultura carioca, mas é também um documentário muito pessoal, que transborda afetividade e paixão.


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