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Imagens delirantes inspiram espetáculo de dança-teatro

Inspirado em livro de fotografias do artista brasileiro Arthur Omar, "Faces do Corpo" busca dar forma física ao êxtase

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como dar corpo físico ao êxtase? Esta pergunta sem resposta exata ditou o espetáculo de dança-teatro "Faces do Corpo", que estreou na semana passada.

Sob a direção de Eliana de Santana e Wellington Duarte, sete bailarinos lançaram-se ao desafio de usar o corpo para retratar instantes de puro delírio.

Tiveram como inspiração o livro "Antropologia da Face Gloriosa", clássico da arte visual brasileira do fotógrafo Arthur Omar. Segundo ele, faces gloriosas são "aquelas que vivem atitudes de passagem, porque não duram mais do que breves instantes, frações de sentimentos alterados entre a alegria e a tristeza, o amor e o ódio, o entusiasmo e a retração".

Para Duarte, a tentativa foi lançar-se ao abismo, retratar o anonimato e sugerir a reconstrução de um corpo sem padrão. "Criamos imagens de decrepitude. Instaura-se a destruição para que uma matéria potente seja reconstruída, a todo instante".

"Faces do Corpo" é a segunda obra de Santana e Duarte a partir do livro de Omar.

Há 11 anos, as 161 fotografias que captaram o transe de anônimos tomados pelos delírios carnavalescos inspiraram a dupla a criar dois solos. "A discussão se amplia agora, com a presença de mais seis bailarinos que revelam crenças e pensamentos pelo corpo", acredita Duarte.

Os movimentos são intensos e disformes no novo espetáculo. Muitas vezes, partem da imobilidade, retratada por uma forte vibração interior. Não se prevê o êxtase, que acontece subitamente, tomando o corpo sem aviso.

A parede do fundo do palco é prateada. Ao receber uma luz intensa, transforma bailarinos em vultos. A intenção do cenógrafo Hernandes de Oliveira é a de conceber um espaço cênico capaz de traduzir poeticamente o que seria o êxtase de uma câmera fotográfica: o clarão de luz que transforma escuridão em imagens eternas e belas. "A câmera escura, quando inundada de luz pelo disparo do obturador, não é muito diferente da caixa preta do palco, com suas possibilidades infinitas", comenta Oliveira.

Daniel Fagundes criou a trilha musical inspirado pelo conceito de colagem.

"Usei músicas de outros artistas, decompondo, a fim de criar um corpo sonoro, espaço de tensão que mantém vivo o diálogo entre som e dança", afirma.

Neste acúmulo de camadas, ruídos também são evocados, sugerindo paisagens urbanas. "Procurei criar um estado de graça, de êxtase", sintetiza Fagundes.


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