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Receita com YouTube cai no mundo, mas sobe no Brasil

Valor que produtor ganha com anúncios varia com a audiência do canal

(FELIPE GUTIERREZ) DE SÃO PAULO

Os brasileiros que ganham dinheiro com seus vídeos no YouTube faturam menos do que os norte-americanos, mas isso está mudando.

A razão disso é que, enquanto aqui o preço para anunciar em um vídeo na web aumentou, nos EUA, ele caiu.

Nos últimos 12 meses, o custo dos anúncios teve queda de cerca de 30% nos Estados Unidos, na Inglaterra e no sudeste asiático, diz David Burch, diretor da empresa TubeMogul. A companhia ajuda as marcas a escolher em quais clipes vale a pena colocar publicidade.

Uma das maneiras de comprar anúncios em vídeos funciona como um mercado aberto --os preços variam de acordo com os acessos e se alteram diariamente.

Os termos do acordo entre o site e os autores dos vídeos variam e geralmente não são divulgados. Mas o dinheiro que o anunciante paga costuma ser dividido ao meio entre o YouTube e os autores.

Segundo Burch, o tipo de anúncio mais caro no portal (portanto, o que mais dá dinheiro para os produtores), é o "pre-roll", uma propaganda de cerca de 12 segundos que o usuário é obrigado a ver antes do vídeo a que ele quer assistir.

Em junho do ano passado, um anunciante nos EUA pagava cerca de US$ 9,30 (R$ 19,80) para cada mil visualizações. Hoje, essa cotação está em torno dos US$ 6,30 (R$ 13,40), segundo a TubeMogul.

O executivo diz que esses valores variam de acordo com a época do ano, mas a razão principal para o fenômeno é o fato de o número de produtores de conteúdo ter crescido mais do que o volume de acessos.

OUTRA CENA

No Brasil, essa situação não se verifica. Stephanie Horbaczewski, diretora-executiva da rede StyleHaul, que ajuda produtores a conseguir anunciantes, diz que os canais com os quais tem contrato no Brasil viram o número de visitantes únicos triplicar em um ano. No resto do mundo, o aumento foi de 46%.

"O preço dos anúncios de pre-roll' dos canais da nossa rede no Brasil subiu 90% nos últimos 12 meses", diz.

No entanto, aqui as taxas que os anunciantes pagam são historicamente mais baixas do que nos EUA.

Uma das associadas à StyleHaul, Nina Santina, 19, tem um canal no YouTube em que ensina a fazer penteados e maquiagens.

Ela conta que embolsa cerca de US$ 2,50 (R$ 5,30) por mil visualizações, o que lhe rende cerca de US$ 5.000 (R$ 10.650) mensais.

"Mas esses números dependem de vários fatores: se o usuário clica no anúncio, se o vídeo tem conteúdo com direitos autorais. Tudo isso conta", explica Santina.

A página dela, chamada NiinaSecrets, contabiliza mais de 230 mil inscritos e quase 26 milhões de visualizações desde 2010.

RECEITA VARIÁVEL

O canal Cozinha para 2 pertence a outra rede, chamada Tastemakers. Os vídeos do casal Duca Mendes, 33, e Carol Thomé, 30 ensinam a fazer receitas rápidas.

Mendes diz que a receita por mil visualizações varia muito --"chegou a US$ 6 (R$ 12,80), mas a média é US$ 1,50 (R$ 3,20)". O canal tem 28 mil inscritos e 730 mil visualizações desde outubro.

Thomé conta que também lucra com "product placement" (patrocínio em que um produto para cozinhar é usado no filme).

O "youtuber" Eduardo Benvenuti, 27, também consegue dinheiro cobrando por tuítes, além de apresentar alguns jogos sob encomenda.

O canal dele é especializado em games --ele captura as imagens da tela durante o jogo e faz vídeos com isso.

Os internautas gostam de assistir a esse tipo de produção para ter ideias de golpes e estratégias que podem ser usados nos jogos.

Ele consegue cerca de R$ 20 mil por mês dessa forma. Esse valor tem se mantido constante, apesar de as visualizações terem aumentado (o canal acumula quase 70 milhões).

O produtor conta que, no mercado, há gente que não entende ao certo o valor do que ele faz e propõe dar um jogo em troca de patrocínio. "Claro que não fecho assim", afirma.

Benvenuti também é representado por uma rede. "Gamers" como ele geralmente precisam estar em uma porque o YouTube tem restrições em relação ao conteúdo originado em jogos por questões de direitos autorais.

Essas redes (ou "networks", como são conhecidas nesse mercado) costumam ser temáticas. A Tastemakers, por exemplo, junta canais de culinária. A StyleHaul especializou-se em vídeos de estilo e de beleza.

Santina, do canal de maquiagem, conta que antes de se associar ao grupo, ganhava cerca de US$ 1 (R$ 2,13) por cada mil visualizações.

"A ideia das redes é criar uma cena sobre o tema e com isso os canais crescem", diz Otávio Albuquerque, 30, diretor da Tastemakers.

ENTRADA

No ano passado, o canal de humor no YouTube Porta dos Fundos ganhava cerca de 23 mil novos assinantes por mês, conta Ian SBF, 32, diretor e um dos fundadores.

Hoje, esse é o volume diário de inscrições. No total, são mais de 3,5 milhões de assinantes e 312 milhões de visualizações.

"A gente paga as contas, que são altas, só com os anúncios nos vídeos", diz o diretor.

Ele não revela os números por um contrato com o YouTube, mas diz que essa receita com "pre-roll" cobre o aluguel de um prédio no Rio de Janeiro e "mais 30 funcionários com carteira assinada e ganhando bem".

O diretor do Porta dos Fundos credita o sucesso do canal ao talento do elenco ("na minha opinião, é o melhor", afirma) e também ao profissionalismo.

Ele afirma que o fato de haver uma regularidade na veiculação dos vídeos, que entram no site sempre às 11h às segundas e quintas-feiras, agrega valor do ponto de vista dos espectadores. Isso porque eles criam expectativa pelos episódios da semana, algo próximo às séries de TV.

"Não vejo por que não podemos ganhar tão bem quanto um anunciante que paga para a TV", diz SBF.

Mendes, do canal de culinária, afirma que o espectador vê TV enquanto faz outras atividades, sem se concentrar muito, mas no YouTube ele para e assiste.

Burch, da empresa que ajuda as marcas a escolher vídeos, acha que um dos motivos pelos quais o espectador de TV ainda é mais caro é a dificuldade em anunciar na internet, pois há uma quantidade muito grande de sites e canais de vídeo.

GANGNAM STYLE

A gerente de parcerias do YouTube para a América Latina, Bibiana Leite, 34, não revela quantos canais brasileiros ganham dinheiro com as visualizações. Ela só diz que o número gira na casa do milhar. No mundo, afirma, "há pelos menos mil parceiros que recebem mais de US$ 100 mil por ano só com receitas de publicidade.

Burch diz que esses são os que vão bem. Os que estão no topo mesmo, conta, conseguem mais de US$ 1 milhão por ano. Quando questionado quem seriam esses, ele deu um exemplo: o cantor sul-coreano Psy. O vídeo do hit "Gangnam Style" tem mais de 1,64 bilhão de visualizações -é mais do que a população da China.


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