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Carreiras e Empregos

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Funcionário de novo

Dono de negócio que foi comprado por empresa maior tem desafio de se integrar a nova cultura

MARCEL GUGONI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em 2010, Guilherme Wroclawski, 29, e o amigo Heitor Chaves, 28, largaram seus empregos pelo sonho de ter a própria empresa. Menos de seis meses depois, eles estavam de volta à vida de funcionário.

O negócio que fundaram, o agregador de sites de compra coletiva SaveMe, foi comprado pelo Buscapé Company, e eles decidiram ficar na companhia, que cresce por meio da incorporação de empreendimentos iniciantes.

"Tínhamos nossa empresa, mas ela era formada por duas pessoas nos sofás de casa", conta Wroclawski.

Há dois caminhos para empreendedores que veem suas empresas crescerem e serem compradas: sair e fundar um outro negócio ou ficar na nova companhia.

O consultor de carreiras José Augusto Figueiredo, da Lee Hecht Harrison, afirma que esse momento representa uma mudança bastante expressiva. "Há perda de autonomia no processo", afirma.

Figueiredo nota que a primeira reação do empresário nesse cenário é comparar o modo de trabalho das duas empresas -a sua e a nova.

"O mais comum é o empreendedor achar que o novo local vai ser pior", comenta o consultor.

A recomendação é de que o empreendedor analise o negócio respondendo a perguntas básicas: que tipo de apoio a compradora oferece e qual a meta de crescimento da pequena companhia se ela seguir sozinha.

E, mais do que isso, como o empreendedor se vê após o negócio. Sandra Finardi, diretora da divisão de executivos do grupo DMRH, diz que a decisão de deixar a empresa após uma compra depende do perfil de cada empresário. Há os mais conservadores, como fundadores de empresas familiares, que sofrem com a mudança de cultura.

"Passa-se, por exemplo, da relação baseada na confiança para uma gestão mais profissionalizada e meritocrática", ilustra. "Nesse cenário, o empreendedor não fica."

Mas há um grupo de empreendedores cujo objetivo é obter crescimento sustentado do próprio negócio a partir da venda a fundos de investimento ou a outras empresas. Para quem fica, o acordo costuma contemplar o pagamento parcelado do negócio ao longo de dois a quatro anos e o fundador fica para integrar sua equipe à nova corporação.

NOVIDADES

Figueiredo diz que o maior obstáculo é aceitar novas regras após um tempo trabalhando conforme os próprios métodos. "É importante saber ceder em prol do consenso", reforça.

"Que a empresa vai mudar o modo de produzir, isso é certo. Mas a questão é em quanto tempo e com qual efeito na produtividade."

Nem sempre uma empresa pequena tem envergadura para competir com gigantes, analisa Araquen Pagotto, 51, fundador de uma desenvolvedora de softwares para o varejo comprada pela Totvs, a maior empresa desse setor no Brasil, em 2007.

Ele afirma que seu o empreendimento, fundado no fim dos anos 1980, estava em um momento de estabilidade. Por isso, concordou com a venda.

Pagotto conta que há aspectos positivos e negativos nessa mudança.

"Na empresa pequena, as demandas podem ser resolvidas com mais velocidade, mas há uma insegurança para investir e tomar decisões complexas porque não há com quem trocar ideias, como um grupo de diretores."

JUNTAR EQUIPES

Ele ficou incumbido de integrar sua própria equipe à nova casa. Por contrato, ficaria mais três anos na companhia. No segundo ano, a Totvs ofereceu a ele a diretoria de pequenos negócios, que permitiu que o empreendedor continue buscando novas ideias para expandir a companhia.

Já Wroclawski diz que não pensa em deixar a vida de empregado para abrir outro negócio tão cedo.

"Para mim, o maior prazer de empreender é poder trabalhar numa empresa que idealizei e ver que há mais gente que também dedica tempo ao sucesso desse negócio."


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