Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Carreiras e Empregos

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Ponto de partida

Auxiliares administrativos e vendedores são os que mais crescem em número no Brasil

FELIPE GUTIERREZ DE SÃO PAULO

As ocupações que mais ganharam trabalhadores em números absolutos no Brasil nos últimos nove anos são as que não exigem nível superior, como auxiliar administrativo, vendedor e ajudante de construção civil.

Dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho apontam que, de 2003 até o fim do ano passado, o mercado de trabalho formal cresceu 60% --de cerca de 30 milhões de vínculos empregatícios para 47,5 milhões. A Rais é a compilação de documentos que os empregadores enviam ao Ministério. Até 2003, a metodologia era outra.

Anselmo Luis dos Santos, professor de economia da Unicamp, credita o grande aumento de vínculos em ocupações que não exigem graduação ao crescimento da economia. "Quando o PIB aumenta, o setor de serviços contrata muito, mais do que outros setores. É uma tendência histórica no Brasil", diz.

Outro motivo disso, diz o professor Samir Cury, da Fundação Getulio Vargas, é que essas eram profissões nas quais havia muita informalidade, o que diminuiu nos últimos anos. Isso aconteceu, por exemplo, com os ajudantes de construção civil, segundo ele.

A atividade de auxiliar administrativo foi a que teve o saldo mais alto no período: cerca de 1,5 milhão.

Esses profissionais "são pau para toda a obra', às vezes são recepcionistas, às vezes são digitadores", diz Sebastião Luiz de Mello, presidente do Conselho Federal de Administração.

Alexandra Rodrigues de Lima Dias, 32, auxiliar administrativa da Visual Turismo, por exemplo, é responsável pelas contas a receber das filiais da empresa. "Acompanho se o dinheiro foi depositado ou não", diz.

Ela explica que, para exercer a profissão, não precisa de diploma universitário.

Muitas empresas computam como auxiliares administrativas profissionais que, na prática, exercem a função de secretárias, diz a presidente do sindicato das secretárias do Estado de São Paulo, Isabel Cristina Baptista.

"É uma nomenclatura que certos empregadores usam para mascarar a atribuição verdadeira da profissional."

A ocupação de técnico em secretariado é uma das que mais perderam profissionais. Em 2003, eram pouco mais de 100 mil e, atualmente, cerca de 77 mil.

As secretárias-executivas (por lei, são obrigadas a ter curso superior) aumentaram em 60 mil e chegaram a mais de 150 mil no total.

Bruna dos Santos Silva, 23, é uma das que irão fazer esse exato movimento: atualmente, é técnica em secretariado e exerce essa ocupação, mas ela cursa graduação para se tornar secretária-executiva.

Silva relata que fez curso técnico porque, quando se formou no ensino médio, não sabia direito o que queria se tornar profissionalmente.

No entanto, ela já não vê muito sentido na formação. "Quando as pessoas vão buscar cursos, pensam: Por que ficar um ano e meio no técnico se posso partir direto para o superior?'".

TODO MUNDO VENDE

Jaime Vasconcellos, assessor econômico da FecomercioSP, aponta que, entre 2003 e o fim do ano passado, o país ganhou 491 mil novas lojas. Com isso, o número de vendedores aumentou bastante.

Foi o segundo que mais cresceu --cerca de 1,5 milhão de profissionais a mais, um pouco menos do que o de auxiliares administrativos.

O setor varejista, diz Vasconcellos, é tradicionalmente o que mais dá o primeiro emprego às pessoas.

Foi assim com Ana Mariano, 19, vendedora de uma loja da marca TNG. Ela conta que começou em outra empresa aos 14 e, por isso, já tem cinco anos de experiência.

Ela relata que nesse período viu vendedores que ficam alguns anos em uma empresa, mas que é comum testemunhar gente trocando de emprego com frequência.

Para Vasconcellos, a rotatividade da mão de obra é o maior desafio de recursos humanos do setor.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página