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ESPECIAL BOLSA DE SALÁRIOS

Profissional de 'base' levou reajuste mais alto no ano passado

Datafolha mostra que quanto mais baixa a hierarquia, maior o ganho proporcional; indústria lidera aumentos

FELIPE GUTIERREZ DE SÃO PAULO

Os salários de diretores e gerentes cresceram menos do que os de profissionais de hierarquias mais baixas e, pela primeira vez em três anos, o setor que teve os maiores reajustes foi a indústria.

Esses são alguns dos resultados da pesquisa Bolsa de Salários, do Datafolha. O instituto de pesquisa ouviu 130 empresas da Grande São Paulo e levantou dados sobre variações de salários referentes a dissídios de 350 cargos.

Desses, os que estão no topo da pirâmide acumularam ganho salarial de 6,6% (sem descontar a inflação) no ano passado. Os que estão em ocupações da produção (na base da pirâmide) tiveram variação positiva de 8,46%.

A inflação no período foi de 5,1% de acordo com o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O indicador considera a variação de preços na cidade de São Paulo.

Para Almiro dos Reis, presidente da seção paulista da ABRH (Associação Brasileira de RH), o que explica esse resultado da pesquisa (reajustes maiores para as hierarquias mais baixas) é a diferença na forma de remunerar as diferentes categorias. "Não tenho dúvida de que o pessoal 'de cima' tem cada vez mais remuneração variável. Eles recebem bônus."

José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), diz que outro fenômeno explica essa diferença nos reajustes: a valorização do salário mínimo faz com que os trabalhadores da base tenham recebido aumento proporcional maior.

Silvestre também explica outro dado da pesquisa: a indústria deu os maiores reajustes, apesar de ter perdido participação no PIB. "Tem segmentos que vão bem no setor da transformação, principalmente os voltados para o mercado doméstico."

Um caso emblemático de aumento na base e na indústria é o dos operadores de eletroerosão. Trata-se de um profissional de nível técnico que manuseia máquina de cortar blocos de aço e outros materiais. Em 2012, acumularam o reajuste de 2012 e o de 2011, que demorou para chegar. Em média, o salário variou 17,48% para cima.

Félix Siwek, 60, diretor-executivo da Japax, uma empresa do setor, tem dados precisos: "De julho de 1994, o primeiro mês do Real, até janeiro de 2013, o salário mínimo subiu 946%, enquanto na nossa empresa o salário médio dos operadores foi de R$ 1.016,80 para 5.497,80".

Um dos profissionais da área é Ubirajara Gomes, 41. Ele afirma que há disputa por operadores no mercado, principalmente os que têm mais experiência. "Para um novo operador conseguir andar com as próprias pernas precisa de pelo menos um ano."

DESTAQUE

Entre os cargos que exigem nível superior, o maior aumento médio em 2012 foi o dos administradores de bancos de dados, com reajuste nominal de 11,51%. Em dezembro, a remuneração média era cerca de R$ 12 mil.

"Está em alta usar banco de dados", afirma Marcus Vinicius Pedro, 31, administrador de banco de dados da Discover, que desenvolve softwares. "Por isso, valoriza-se esse profissional com [boa] remuneração", ele afirma.

A tendência de serviços em nuvem (armazenamento de informações em distintos lugares na web) aumentou a necessidade pelo profissional e, portanto, os salários, diz André Straccialano, professor da Faculdade Metrocamp.

Na ponta oposta das profissões que exigem curso superior estão médicos plantonistas. A pesquisa aponta uma perda salarial de 1% (a inflação foi de 5,1%, e o aumento, 4,11%).

O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes, diz que o reajuste real médio foi 0,8% positivo. A diferença se explica pelos diferentes períodos analisados e índices de inflação distintos. Ele considera que os reajustes poderiam ser maiores. O que impede que isso aconteça, diz, é a informalidade. Ele cita a "pejotização" (profissionais que abrem pessoa jurídica para receber) e "contrato por tarefa para cobrir plantões".

Para Rafaela Guerra Maciel, 29, que trabalha no Hospital das Clínicas, uma das razões pelas quais há tanta informalidade é que há um "represamento" de profissionais que se formam na faculdade, mas não conseguem entrar em uma residência médica. Esse excesso de gente, diz, faz com que a categoria perca força na negociação.


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