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Sonda Voyager 1 deixa o Sistema Solar

Nave americana está viajando em direção ao espaço interestelar, fora da área de influência do Sol, desde 1977

Missão, que previa exploração de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, deve seguir até ao menos 2020

SALVADOR NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Agora é oficial. A sonda americana Voyager 1 é o primeiro artefato humano a deixar o Sistema Solar.

E já faz um ano. A demora para o anúncio foi ocasionada pela dificuldade em interpretar os dados da nave, que está viajando há 36 anos rumo ao espaço interestelar.

Em estudo publicado na revista científica americana "Science", a Nasa confirma que o veículo não tripulado já não sente mais a influência da radiação solar.

A sonda atingiu um ponto em que a pressão de radiação das estrelas já superou a exercida pelo Sol. "Agora acreditamos que esse é o salto histórico da humanidade no espaço interestelar", diz Ed Stone, cientista chefe das sondas Voyager.

"A equipe precisava de tempo para analisar essas observações e tirar conclusões. Mas agora podemos responder à pergunta que estávamos todos fazendo: Já chegamos?' Sim, chegamos."

LONGA VIAGEM

As duas sondas Voyager, 1 e 2, lançadas em 1977, tinham como missão original explorar os quatro planetas gigantes do Sistema Solar. A ideia era aproveitar um raro alinhamento de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno para realizar um grande tour.

A Voyager 1 passou por Júpiter (1979) e Saturno (1980) antes de rumar para fora do sistema. Sua gêmea, a Voyager 2, também passou por Urano (1986) e Netuno (1989) antes de fazer o mesmo.

As duas funcionam até agora graças à fonte nuclear de energia. Os dados levam cerca de 16 horas para chegar à Terra.

Sem depender de painéis solares, as espaçonaves ainda têm bateria para pelo menos até 2020, quando os instrumentos devem ser desligados e a missão, concluída. Sorte então que a última fronteira do Sistema Solar foi encontrada antes disso.

CONTROVÉRSIA

Pesquisadores vêm sugerindo que a Voyager 1 deixou a esfera de influência solar desde o ano passado.

A mais forte afirmação veio de Marc Swisdak, da Universidade de Maryland, e seus colegas. No último dia 15, eles publicaram um estudo no "Astrophysical Journal Letters", sugerindo que a saída da Voyager 1 havia acontecido em 2012.

No mesmo dia, a Nasa divulgou uma nota contestando as conclusões. Segundo Ed Stone, a afirmação dos pesquisadores de Maryland era derivada de um entendimento alternativo da modelagem do campo magnético solar. Por outras teorias, "a Voyager 1 ainda estaria dentro da nossa bolha solar", segundo escreveu Stone.

Contudo, menos de um mês depois, veio a resposta definitiva, confirmando a conclusão de Swisdak.

Desta vez, o trabalho foi liderado por Donald Gurnett, da Universidade de Iowa, em conjunto com cientistas da própria Nasa.

DATA CERTA

De acordo com o novo trabalho, a Voyager 1 teria atingido o espaço interestelar em 25 de agosto de 2012.

A conclusão foi obtida depois que medições da densidade de elétrons ao redor da espaçonave saltaram de 0,002 por cm3 para 0,08.

Essa modificação é a que era esperada caso a nave deixasse a heliopausa --nome dado à região que marca a fronteira da influência magnética do Sol-- e atingisse o meio interestelar.

"Essas e outras observações oferecem evidências fortes de que a Voyager 1 cruzou a heliopausa", afirmam os cientistas na "Science".

A Voyager 2, que está a 101 UA (uma Unidade Astronômica equivale à distância da Terra ao Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros), ainda não encontrou a transição.

Já a Voyager 1 atravessou a heliopausa no ano passado, a 121 UA do Sol. Avançando a 3,5 UA por ano, ela deve estar agora a quase 125 UA de distância (cerca de 18,7 bilhões de quilômetros).

Isso não é muito em termos interestelares, sendo o equivalente a um milésimo de ano-luz. O sistema estelar mais próximo, Alfa Centauri, fica a 4,3 anos-luz.

Para o caso de ser resgatada por uma civilização alienígena, a sonda ainda transporta um disco de ouro e uma placa com informações sobre o Sistema Solar, a Terra e seus habitantes.


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