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Nobel de medicina vai para 'GPS mental'

Americano e casal de noruegueses descobriram neurônios que constituem sistema de posicionamento no cérebro

Achado explica como animais conseguem se localizar e pode ajudar a compreender doenças como alzheimer

GABRIEL ALVES DE SÃO PAULO

A descoberta de células que constituem um sistema de posicionamento no cérebro --um "GPS mental"-- rendeu o Nobel em Fisiologia ou Medicina a um casal de noruegueses e um americano radicado em Londres.

Metade do prêmio de 8 milhões de coroas suecas (R$ 2,67 milhões) foi para John O'Keefe, e a outra metade, para o casal May-Britt Moser e Edvard Moser.

Em 1971, O'Keefe descobriu, em roedores, a localização desse sistema de posicionamento no hipocampo. Cada conjunto de neurônios de localização só se ativa quando o animal está em um local específico, a partir de estímulos ambientais.

"Se eu tenho como referências de um certo lugar uma árvore, uma casa, um prédio e uma pedra, mesmo que a árvore seja cortada, e a pedra, removida, posso ser capaz de reconhecê-lo", diz Gilberto Xavier, professor do Instituto de Biociências da USP que já trabalhou com O'Keefe.

Isso é diferente de instruções como virar à direita, esquerda ou seguir reto. "Não se acreditava que animais tivessem essa noção de espaço", afirma Xavier.

Mais de 30 anos depois, em 2005, o casal Moser descobriu outro tipo de neurônio que se ativa quando animais estão em uma determinada região, formando um mapa.

Esses neurônios, chamados de "células de grade", guardam pontos que representam o ambiente em uma malha hexagonal, permitindo a navegação espacial.

Conjuntamente, os achados explicam como o cérebro cria uma representação do espaço permitindo a locomoção em um sistema complexo.

O trabalho também pode contribuir para desvendar a progressão de doenças como o mal de Alzheimer.

Ricardo Nitrini, professor de neurologia da Faculdade de Medicina da USP, conta que os primeiros sintomas do alzheimer podem incluir desorientação, inclusive a dificuldade de reconhecer marcos na cidade, como o Masp, na avenida Paulista, por exemplo.

"Estamos nos preparando para fazer muitos outros estudos em que esperamos acompanhar a progressão da doença ao longo do tempo", disse O'Keefe após descobrir que havia ganhado o prêmio. "Mas isso não quer dizer que esse trabalho se reverterá em cura no curto prazo."


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