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Com acordo longe, cúpula climática estoura prazo

Negociações no Qatar se estenderam pela madrugada de ontem para hoje

Desavença quanto ao financiamento de ajuda a países pobres impediu a assinatura de um documento na sexta

Osama Faisal/France Presse
Protesto de ONGs pedindo mais ação contra as mudanças climáticas usou aranha gigante para chamar a atenção em Doha
Protesto de ONGs pedindo mais ação contra as mudanças climáticas usou aranha gigante para chamar a atenção em Doha
GIULIANA MIRANDA ENVIADA ESPECIAL A DOHA

Representantes dos quase 200 países reunidos em Doha, no Qatar, não chegaram a um acordo, e a COP-18, cúpula do clima da ONU que deveria ter terminado ontem à noite, ficou sem hora para acabar -até o fechamento desta edição, a estimativa otimista falava numa conclusão na madrugada deste sábado.

A extensão do Protocolo de Kyoto -atualmente o único compromisso mundial contra o aquecimento, que vence no próximo dia 31- deve acabar saindo, apesar de um aparente descontentamento geral com o texto.

O negociador-chefe do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo Machado, que recebeu do presidente da COP a missão de resolver a questão, resumiu o espírito do texto.

"Tem muita coisa que nós queríamos, que nós achamos importante, e que vai acabar ficando de fora. Mas estamos trabalhando com o melhor arranjo possível", afirmou.

Negociadores ouvidos pela Folha afirmaram que muito provavelmente a redução de emissões de gases-estufa prevista por esse "puxadinho" de Kyoto valerá até 2020, quando deve entrar em vigor um grande pacto global, com metas de redução para todos os países.

QUENTE

A questão do chamado "hot air" -bônus de emissões da Rússia, Polônia e Ucrânia, que emitiram menos do que poderiam na primeira etapa e queriam levar para a segunda fase do acordo- encaminhava-se para um consenso.

Essas nações devem ter um "bônus" de no máximo 2,5% da meta original de redução.

E, para o descontentamento dos países da Europa Oriental e de alguns outros, a delegação brasileira parece ter conseguido colocar no texto mecanismos que limitam a possibilidade de negociação dos créditos de carbono vinculados a essas reduções.

De acordo com Figueiredo, um dos objetivos do Brasil nas negociações foi impedir a bagunça financeira que começou a rondar o mercado de créditos verdes.

Ou seja: países que não conseguiram cumprir suas metas de redução de emissões e desejarem usar as as toneladas de carbono "sobressalentes" das dos outros poderão comprar os créditos, mas não devem poder revendê-los, evitando a especulação com esses títulos.

FINANÇAS EMPACAM

E, se chegar a um consenso sobre a redução das emissões já estava difícil, definir como pagar a conta é ainda pior, segundo o negociador brasileiro André Corrêa do Lago. "Ainda está tudo muito indefinido", disse.

Há três anos, os países desenvolvidos -como maiores responsáveis pelas emissões que já causam o aquecimento global- concordaram em financiar programas de adaptação nos mais pobres.

Ficou combinado um fundo rápido, de US$ 30 bilhões até 2012. E, a partir de 2020, US$ 100 bilhões anuais.

Os países em desenvolvimento exigem uma definição clara sobre como esse dinheiro será distribuído. Os ricos saem pela tangente e explicam que, com a crise econômica prolongada, isso fica mais difícil de dizer.

O clima de descontentamento era geral. Os EUA, considerados pelas ONGs os maiores vilões pela falta de avanço nesse assunto, bloquearam uma dezena de pontos no texto.

Costa Rica, Egito e vários outros países em desenvolvimento também já disseram que, do jeito que está, não aceitam o documento.

Em todo caso, o governo do Qatar já mandou reservar o centro de convenções e os ônibus que servem o evento até segunda-feira.


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