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Experimento cria 'sexto sentido' em ratos

Pesquisa liderada por brasileiro fez roedores perceberem luz invisível como tato

DÉBORA MISMETTI EDITORA INTERINA DE “CIÊNCIA+SAÚDE”

Roedores equipados com um detector de infravermelho conectado à região do cérebro responsável pela percepção do tato conseguiram "enxergar" a luz invisível, segundo relatam pesquisadores em artigo na "Nature Communications".

O trabalho, liderado pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke (EUA), é uma demonstração de que as áreas do cérebro ligadas aos sentidos não têm uma divisão absoluta; uma pode "tomar o lugar" da outra se houver uma lesão.

"Essa era a nossa hipótese: é possível converter um córtex tátil em um processador de outra área sensorial", disse Nicolelis à Folha.

Os roedores foram colocados em um espaço circular onde havia três aberturas. Eles foram treinados para buscar a abertura acima da qual uma luz comum se acendia. A luz foi sendo substituída pelo infravermelho. Tempos depois, os animais equipados com o detector de infravermelho conectado ao cérebro começaram a perceber, mesmo sem ver, que o infravermelho estava acionado e colocavam o focinho na abertura correspondente, onde tomavam um gole de água.

O objetivo era aumentar o espectro da percepção sensorial dos animais. "Fizemos a luz invisível ser percebida como tato. Eles 'tocaram' a luz, sentiram sua presença sem estímulo na retina."

A prótese usada na cabeça dos bichos traduzia a luz eletromagnética em uma estimulação tátil. Os neurônios continuaram a responder às sensações táteis comuns, mas também à luz infravermelha. Conseguimos documentar os neurônios respondendo aos dois sentidos."

No início, os roedores ficavam confusos. A região estimulada pela luz é a mesma que recebe os sinais captados pelos bigodes dos animais. "Eles passavam a pata na face no começo. Mas, depois de quatro semanas, eles se acostumaram."

O estudo tem como missão futura a criação de próteses para pessoas que perderam audição ou visão por causa de um câncer ou epilepsia, por exemplo. Em vez de tentar restaurar a função perdida, diz Nicolelis, seria possível aumentar a capacidade neurológica em outra região.

Uma outra possibilidade para o futuro é associar o receptor de infravermelho a aparelhos de estimulação magnética transcraniana. O uso desse tipo de aparelho não invasivo já é aprovado para o tratamento de depressão. Com a junção das duas máquinas seria possível saber como um humano perceberia o infravermelho. Para Nicolelis, pode ser possível aumentar nossa capacidade de percepção para a vida cotidiana, mesmo na ausência de lesões.


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