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Crítica Restaurante

SP ganha 1ª casa regional da América do Sul

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

São Paulo tem restaurantes ditos "mediterrâneo", "asiático", também um "andino"... Mas o Jacarandá é o primeiro de cozinha regional da América do Sul -no caso, do sul do subcontinente.

Se pretendesse ser globalmente sulamericano, precisaria ter presença andina bem mais forte. Mas o interessante é que está pautado pelas origens da proprietária, que é argentina; do chef, que é uruguaio; e por um pouco do solo brasileiro em que ele está implantado.

A proprietária é a argentina Ana Maria Massochi, que chegou ao Brasil nos anos 1970, foi sócia do Bar das Empanadas, hoje tem a parrilla Martín Fierro e, mais recentemente, o La Frontera.

Agora abriu o Jacarandá, numa simpática instalação em Pinheiros, onde concreto e vidro não escondem a antiga residência que foi ali. No centro, fica um grande jacarandá. No andar de cima, o Empório Regional Jacarandá. No subsolo, o bar Tatu.

O cardápio é do chef uruguaio Gastón Yelicich, 32, que trabalhou no portenho Sucre e teve restaurante em José Ignacio, perto de Punta del Este. No Brasil, ele passou pela Figueira Rubaiyat.

No primeiro item das entradas, o menu já diz a que veio, oferecendo fainá (massa de farinha de grão-de-bico assada, popular entre argentinos e uruguaios, embora a consumam de maneira diferente) com coalhada seca.

Na mesma toada vem a muito boa porção de mollejas (timo) crocantes com salada de batatinhas. E para não dizer que não há nada de andino, há uma versão da causa peruana -um bolinho de batata-roxa com camarão e abacate, que poderia, fiel às origens, ser mais picante.

Passando por uma interessante seção de ovos (mexidos com copa e batata; recheados com gema e mostarda), chega-se aos pratos principais, apenas nove.

Entre eles, um risoto de ervilhas, limão e queijo Real Canastra, que mostra sensibilidade do chef com os vegetais -como já demonstrado numa entrada de lentilhas, brócolis, cenoura e rabanete.

O coelho estofado com polenta é leve e bem temperado. Curiosamente, o que menos entusiasmou foram duas carnes. O matambre no leite com purê de mandioquinha é bom, macio sem perder a fibra -mas, cozido no leite, vem com o pálido e sem graça molho resultante.

Já o bife de chorizo servido com fritas e ketchup caseiro surpreendeu pela falta de sabor de churrasco; mesmo feito numa parrilla de carvão, a carne mais parecia cozida, sem aquele delicioso chamuscado das brasas.

Na tradição do Brasil e dos dois vizinhos, há também um filé à milanesa; e entre as sobremesas, o pudim de leite. Outra opção interessante: queijo da Canastra com maçã, mel e alecrim.


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