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Moradores enfrentam PMs para socorrer feridos a tiros

Proibidos de transportar baleados, policiais criam obstáculos para socorro

Caso ocorreu após ataques na zona norte; Samu diz que polícia dispensou ambulância sob alegação de conflito

DE SÃO PAULO DO “AGORA”

A recusa de policiais militares em permitir o socorro a jovens baleados na Brasilândia, na zona norte da capital paulista, na noite da última quarta resultou em confronto com moradores e pode levar à abertura de uma investigação contra a PM.

Foi o maior incidente envolvendo a corporação desde janeiro deste ano, quando entrou em vigor uma resolução da Secretaria da Segurança Pública proibindo a PM de transportar feridos.

Pela resolução, os policiais devem preservar o local e acionar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

A ocorrência começou por volta das 22h, quando um grupo de oito jovens, com idades entre 14 e 20 anos, foi baleado por homens em uma moto.

Dois deles, de 14 e de 20 anos, morreram no hospital. Os moradores ficaram revoltados porque, segundo eles, os policiais não prestaram socorro e impediam que outras pessoas o fizessem.

"Fui paciente, esperei uns 15, 20 minutos. Mas aí meu filho começou a gritar por mim. 'Mãe, me socorre, me socorre'", disse V., 41, mãe de um dos adolescentes feridos.

Moradores relatam que, em resposta à chuva de pedras, os PMs fizeram disparos para cima. Não há registro de feridos. "Foi aí que deixaram moradores socorrerem. Disseram que era por nossa conta e risco", diz V.

Os policiais foram acionados, segundo a PM, às 21h56 por morador que denunciou a sequência de disparos.

A Secretaria Municipal da Saúde informou que equipes do Samu foram acionadas pela PM às 22h06. Mas, que às 22h17, quando elas chegaram ao local, a polícia ligou para dispensar a presença das ambulâncias dizendo se tratar de "área de conflito" -um ônibus queimado no bairro após a ação da PM pode ter relação com o caso.

Uma enfermeira do hospital estadual de Vila Nova Cachoeirinha, também na zona norte, disse à Folha que o menino de 14 anos poderia ter sobrevivido se o atendimento fosse mais rápido.

"Ele tomou um tiro na perna e perdeu muito sangue. Ele pedia para não deixá-lo morrer", disse a enfermeira.

RECOMENDAÇÃO

No mês passado, o Ministério Público Estadual enviou recomendação ao secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, para que alterasse a resolução.

A Promotoria quer que os PMs sejam orientados sobre a obrigação em prestar os primeiros socorros, independentemente da proibição em transportar o ferido.


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