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Unidos pela música
Casal cria banda de rock com filhos dos relacionamentos anteriores para juntar a família
Na crescente onda de formação das chamadas "novas famílias", Yutaka Isoda, 62, e Kátia Shimabukuro, 48, têm tido que surfar com desenvoltura para manter duas casas e unir cinco filhos.
A fórmula que o casal encontrou para ter alguma rotina na vida familiar foi inusitada, criar uma banda de rock, a "Banda dos Irmãos".
Os Isoda também criaram regras de almoços conjuntos aos domingos, noites com jogos de tabuleiro e cartas, e viagens para que ficassem juntos, mesmo que pai e mãe tenham casas diferentes.
Na banda, o mais velho, Gil, 31, que é ilustrador, toca bateria, Marcos, 29, é arquiteto e toca baixo, Nara, terapeuta, é a tecladista e vocal, o estudante de audiovisual Heitor, 23, e o caçula Lucas, 13, comandam as guitarras.
O pai dá manutenção nos equipamentos. A mãe ajuda no apoio moral aplaudindo as exibições, que acontecem em casamentos, festas ou mesmo em casa.
"A banda não é a única coisa que une a gente, mas tocar junto é muito gostoso", afirma Nara.
De acordo com dados do Censo 2010, do IBGE, 16,2% dos lares habitados por casais com filhos contam com a presença de filhos de relacionamentos anteriores, reflexo do número de rompimento de relações.
Mas o caso de Kátia e Yutaka vai além: são filhos de relações diferentes convivendo em família em duas casas.
A maneira como se originou a união do casal também foi fora dos padrões considerados convencionais.
"Mesmo viúvo, com quatro filhos, o louco do Yutaka se ofereceu para ser pai e criador de um filho que eu teria de ter para combater as dores de uma doença no útero", explica Kátia.
Ela tinha endometriose, que causa dores agudas e que, em alguns casos pode desaparecer após a gravidez.
Yutaka, na época, era apenas amigo da atual mulher e foi prestar serviço de interprete para a empresa em que ela trabalhava. Eles ficaram amigos e ele se ofereceu para "resolver a questão".
Eles acabaram se apaixonando e tendo Lucas, o "queridinho" do grupo.
CASAS
A família Isoda se organiza em duas casas, ambas na Aclimação, na zona sul.
Em uma moram Kátia, o filho mais novo, Lucas, e a avó materna. Na outra, a poucas quadras da primeira, ficam o pai com três filhos --Gil resolveu viver sozinho-- e onde a família mais se reúne.
É também lá que ficam os instrumentos musicais e onde rolam os ensaios da banda."Quando junta todo mundo é uma bagunça, mas não tem briga. Todo mundo se diverte" afirma Yutaka.
Segundo Lucas, a casa onde vive o pai é mais liberal e a da mãe tem mais regras. De acordo com a mãe, "em qualquer uma das casas, todos seguem as regras do jogo e respeitam o estilo."
A decisão de morar em casas separadas nunca foi baseada em fatores financeiros, segundo o casal.
Eles gostam mesmo é de cada um ter seu espaço. "Não tem desgaste. Quando a gente sai, é para namorar", afirma Yutaka, sorridente.
Lucas vê sua família como "diferente", mas está acostumado a viver assim e não imagina outra forma de organização. "Os pais dos meus amigos quase não se falam. Meus pais sempre estão na boa", afirma.