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PMs fuzilaram presos, diz nº 2 do Carandiru na época do massacre

Segundo testemunha, policiais entraram e atiraram nos detentos, até nos que estavam 'nus e rendidos'

Defesa afirma que eles reagiram a agressões; para perito, 90% dos disparos ocorreram dentro das celas

DE SÃO PAULO

Principal testemunha de acusação a depor no primeiro dia do júri do Massacre do Carandiru, Moacir dos Santos, 64, autoridade nº 2 no comando do presídio na época, disse ontem que o que houve em 2 de outubro de 1992 no pavilhão 9 foi uma "execução". Foram mortos 111 detentos.

Santos era diretor da Divisão de Segurança e Disciplina; quando necessário, substituía o diretor, José Ismael Pedrosa.

Segundo ele, não havia rebelião ou tentativa de fuga, e os policiais, ao entrarem, fuzilaram os detentos, inclusive os que estavam rendidos e nus. "Vi um tapete de corpos", disse. "Às primeiras rajadas, os policiais do lado de fora comemoram como um gol."

A defesa dos 26 policiais réus no primeiro júri do caso (haverá ainda outros dois) afirma que eles reagiram a agressões dos presos, que estavam rebelados, armados e planejavam fugir. A advogada Ieda de Souza disse que só se pronunciará após o júri.

Santos disse que foi avisado às 13h de uma briga entre grupos rivais do pavilhão 9.

Nenhum servidor havia se ferido ou tornado refém, afirmou. Após tentar convencê-los a encerrar a briga, Santos deixou o local e acionou o alarme, avisando a Polícia Militar.

Quando o reforço chegou, formou-se uma espécie de comitê de autoridades, que combinou que Pedrosa faria uma negociação por megafone e os PMs lhe dariam cobertura com escudos."Eles não seguiram o acordo. Arrombaram a porta e já foram metralhando."

Santos só pôde entrar no pavilhão às 19h. Para ele, os PMs mataram a maioria dentro das celas e, depois, fizeram os presos removerem os corpos, para alterar a cena. Muitos dos que levaram corpos foram fuzilados depois, disse.

O depoimento foi similar ao de três presos sobreviventes, também ouvidos ontem.

Outra importante testemunha a falar foi Osvaldo Negrini Neto, perito criminal na época. Ele disse que 90% dos disparos ocorreram dentro das celas. Também relatou o cenário que viu. "Tinha sangue até as minhas canelas."

O júri continua hoje com o depoimento de testemunhas da defesa. (ROGÉRIO PAGNAN, TALITA BEDINELLI E LEANDRO MACHADO)


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