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Ícone do teatro, atriz Cleyde Yáconis morre aos 89 em SP

Causa da morte não foi revelada; corpo será enterrado hoje em Cajamar Com papeis marcantes também na televisão, intérprete trabalhou com maiores diretores do país de 1950 a 2012

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

Morreu ontem, aos 89 anos, a atriz Cleyde Yáconis. Figura fundamental para a geração que modernizou o teatro brasileiro, ela estava internada no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O hospital não informou a causa da morte da atriz e nem a data em que ela foi internada. Seu corpo será velado e enterrado hoje, em Cajamar, a 41 km de São Paulo, onde mantinha uma residência.

Nascida em família pobre em Pirassununga (SP), Cleyde Becker Yáconis iniciou a carreira na capital paulista nos anos 1950 sob incentivo de sua irmã e também atriz Cacilda Becker (1921-1969).

Sua trajetória passa pelo Teatro Brasileiro de Comédia (o TBC), pelo qual realizou alguns de seus primeiros trabalhos, entre eles "O Anjo de Pedra" (1950), com texto de Tennessee Williams.

Ao lado de Cacilda, do ator Walmor Chagas (1930-1913) e do diretor polonês Zbigniew Ziembinski (1908-1978), ajudou a criar o Teatro Cacilda Becker. Em 1958, o grupo iniciou suas atividades encenando "O Santo e a Porca", de Ariano Suassuna.

Um dos trabalhos mais significativos de Cleyde seria realizado na década seguinte, a convite do dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), a interpretação da prostituta Geni na peça "Toda Nudez Será Castigada" (1965).

Por sua atuação na primeira montagem brasileira de "Cinema Éden", de Marguerite Duras e com direção de Emílio Di Biasi, ela foi indicada em 2005 ao Prêmio Shell.

Entre seus últimos trabalhos para o teatro estão "Longa Jornada Noite Adentro" (2003), de Eugene O'Neill (com direção de Naum Alves de Souza), "A Louca de Chaillot" (2006), de Jean Giroudoux (dirigida por Ruy Cortez e Marcos Loureiro), pela qual recebe o prêmio APCA de melhor atriz, e "O Caminho para Meca" (2008), de Athol Fugard (direção de Yara de Novaes). Sua última aparição em cena aconteceu em 2012, ao lado de Denise Fraga, sob a direção de Marco Antonio Braz, num recital dedicado às criações de Nelson Rodrigues, "Elas Não Gostam de Apanhar".

Yáconis também teve uma carreira de fôlego na televisão, veículo em que estreou na década de 1960. Na TV Tupi, atuou em novelas como "O Amor Tem Cara de Mulher" (1966), na primeira versão de "Mulheres de Areia" (1973) e em "Gaivotas" (1979).

Na Globo, teve papéis importantes em novelas como "Rainha da Sucata" (1990), "Vamp" (1991) e "As Filhas da Mãe" (2001). Em 2010, ao lado de Fernanda Montenegro, fez um de seus últimos trabalhos, interpretando a personagem Brígida na novela "Passione", de Silvio de Abreu.

MELANCOLIA

Cleyde Yáconis foi casada por 11 anos, de 1958 a 1969, com o ator Stênio Garcia. A atriz não deixou filhos.

Em uma de suas últimas entrevistas à Folha, em 2009, definiu o teatro como "uma comunicação de gente pra gente." Depois, sentenciou: "É melancólico, mas o mundo não é mais pra mim".

Disse que não tinha medo da morte e que queria morrer na cama, para poder se despedir dos amigos.

"Eu preencho [a solidão] com as minhas lembranças. (...) Eu era euforicamente feliz. Hoje, eu sou serenamente feliz. Muda a cor, muda o tom da felicidade."


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