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Evangélicos protestam em Brasília contra aborto
Feliciano disse querer presidente evangélico
Milhares de evangélicos se reuniram ontem em frente à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para criticar o aborto e o casamento gay.
Segundo a organização do evento, 70 mil pessoas participaram da manifestação, que teve show com estrelas da música gospel e discursos de pastores e congressistas evangélicos. Já a Polícia Militar calculou a presença de 40 mil manifestantes.
O deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, foi tratado como "pop star", sendo assediado por evangélicos que queriam fotos e autógrafos.
Diante da multidão, o pastor disse desejar a eleição de um presidente do Brasil evangélico, arrancando aplausos.
"Ele virou o mimo dos evangélicos", disse o pastor Sóstenes Cavalcante, assessor do pastor Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus, igreja que pagou a festa, orçada em R$ 500 mil.
Aos gritos, o senador Magno Malta (PR-ES) disse que não deixará a descriminalização do aborto ser aprovada no país. "Sabe o dia em que vão aprovar isso? Olhem para mim: nunca!"
Grupos que defendem a causa gay fizeram uma manifestação próxima ao evento. A PM isolou os dois grupos e nenhum incidente foi registrado, segundo a polícia.
Horas antes, um projeto que pode dificultar a realização de abortos legais e que cria uma bolsa para a mulher que decidir seguir com uma eventual gravidez por estupro foi aprovado em comissão da Câmara dos Deputados.
O texto é conhecido como "Estatuto do Nascituro", por estabelecer uma série de garantias para o feto, definindo que "a natureza humana" inicia na concepção.
Para o deputado Cláudio Puty (PT-PA), apesar das exceções para o aborto --estupro, risco de vida para a mãe e anencefalia--, o projeto pode dificultar o acesso a esse direito. A bancada do PT votou contra o texto, que ainda deve passar pela aprovação da Câmara e do Senado.