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Pontualidade paulistana

Relógios que já foram pontos de referência na capital, como o do Conjunto Nacional, ou estão parados ou mostram o horário errado

FERNANDA BARBOSA DO AGORA

O hábito de chegar fora do horário combinado não é só uma característica de muitos paulistanos. Ele está estampado em relógios que se tornaram históricos na capital.

Na avenida Paulista, os números do novo relógio instalado pela prefeitura no canteiro central e os do marcador do Conjunto Nacional não se entendem.

O segundo "anda" dois minutos adiantado em comparação com a hora legal do Brasil. Já o primeiro está bem ajustado.

No encontro das avenidas Ipiranga e São João, a esquina mais famosa da cidade após ser cantada por Caetano Veloso, os ponteiros do prédio do Citibank estão parados, marcando eternamente 12h19 na República.

Uma das faces do relógio da estação da Luz também estava parada no último dia 21, assim como o do Palácio das Indústrias, no Brás.

Já na torre da igreja da Consolação, no centro, cada face mostra um horário: 12h ou 7h25, ambas congeladas.

Nada pontuais também estavam, no dia 23, os relógios do antigo Mappin, hoje Casas Bahia, na República --um minuto adiantado--; da praça do Correio, no Anhangabaú --dois minutos à frente-- e da loja Tok & Stok de Pinheiros --cinco minutos atrasado.

CELULAR

Sorte do paulistano o celular hoje ser tão popular. Assim, ele não precisa mais ajustar os ponteiros do relógio de pulso com os da rua e não depende mais disso para acertar a hora em que passam os ônibus.

"Acho muito bonito, olho sempre, mas não sigo as horas. Costumo olhar meu celular", afirmou o advogado César Oliveira, 40 anos, sob os ponteiros do Mosteiro de São Bento, também no centro.

Esse foi um dos dois lugares que a reportagem encontrou a hora exata.

O segundo foi o marcador digital do prédio do banco Itaú-Unibanco, em Pinheiros. Entretanto, este só funciona à noite --a empresa afirma que a visibilidade não é boa com a claridade.

A hora certa pode ser conferida no site do Observatório Nacional, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, ou pelo telefone 130, de operadoras de celular.

CULTURA

"Relógio que atrasa não adianta", brinca o relojoeiro Fábio Leite de Moura Fonseca, 42, que há dez anos faz a manutenção do relógio do Mosteiro de São Bento.

O engenheiro mecânico diz que está sempre no horário porque "não fica bem para um relojoeiro atrasar".

Segundo ele, a pontualidade é uma "questão cultural", e os erros nos relógios da capital demonstram uma falta de interesse dos paulistanos.

"O relógio do mosteiro era considerado o nosso Big Ben", afirma, referindo-se ao famoso relógio inglês.

"As pessoas acertavam seus relógios de pulso com o relógio do mosteiro, e uma rádio até transmitia as badaladas do sino ao meio-dia", conta Fonseca.

O relógio do mosteiro foi construído em 1914, na Alemanha, e, hoje, continua marcando a hora correta. Uma vez por mês, lá está Fonseca para fazer a manutenção.


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