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Bombas e balas de borracha deixam centro em pânico

Motoristas abandonaram carros nas ruas, e até prédio da PUC foi alvo de gás; manifestantes estimavam cem feridos

PM diz que só atua após agressões e crimes; protesto voltou a ter vandalismo, como pichação e depredação

DE SÃO PAULO

Com balas de borracha e bombas de efeito moral, policiais militares agiram com violência para reprimir a quarta manifestação contra a alta da tarifa de transporte em São Paulo em uma semana.

A PM promoveu um cerco ao centro e à avenida Paulista, agravando os confrontos e deixando em pânico pedestres e motoristas, que, no meio da confusão, chegaram a abandonar carros na rua.

À noite, havia 192 detidos. A polícia não informou sobre feridos. O Movimento Passe Livre, que organiza os protestos, afirma que cem manifestantes se machucaram. Eles programam novo ato na segunda, às 17h, em frente à estação Faria Lima do Metrô.

O protesto também voltou a ter cenas de vandalismo e depredação, embora com menor intensidade que nos anteriores. Uma agência bancária e um hotel tiveram vidros quebrados. Ônibus foram apedrejados e, assim como muros, pichados. Lixeiras foram incendiadas e utilizadas como barreira contra a PM.

A manifestação saiu por volta das 18h30 do Theatro Municipal, no centro, em direção à praça Roosevelt, onde terminaria, após acordo entre manifestantes e polícia. Havia 5.000 pessoas, diz a PM. O grupo fala em 20 mil.

O ato era pacífico até chegar à esquina das ruas da Consolação e Maria Antônia.

O confronto começou quando um grupo tentou furar um bloqueio policial para seguir em direção à Paulista.

Policiais da Tropa de Choque passaram a dar tiros de borracha para todos os lados e a lançar bombas. Manifestantes revidaram com pedras.

Bombas de gás chegaram a ser lançadas até dentro de um prédio da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).

Um aluno relatou à Folha que professores se trancaram em salas para se protegerem.

"Parecia que estávamos na ditadura militar", disse a arquiteta Isabelly Frederico, 36, que assistiu ao início da confusão de cima de um prédio.

Centenas de jovens, muitos chorando, correram para se refugiar nos fundos de um posto de combustível --também alvo de bombas da PM.

A ação da polícia, seguida de confrontos, se repetiu em ruas como Augusta, Angélica, Frei Caneca e Bela Cintra.

Houve detenção de manifestantes que carregavam vinagre --para amenizar efeitos do gás-- ou máscaras.

No final da noite, os manifestantes chegaram à Paulista, bloqueada pela PM e novamente palco de confronto.

Ao menos 55 pessoas foram atendidas em um posto de emergência montado no espaço independente Matilha Cultural, disse Pedro Campana, 26, médico responsável.

A Folha presenciou um PM agredindo, com chutes, um manifestante imobilizado, no chão, em frente à prefeitura.

Nina Cappello, do Passe Livre, diz que "houve abuso" da polícia. O tenente-coronel Marcelo Pignatari, comandante da PM na Paulista, disse achar "impossível que a PM tenha agido sem ter sido agredida ou presenciado crimes".


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