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Guerra da tarifa

Ato contra tarifa une punks a ativistas do 'paz e amor'

Protestos contra preço do transporte reúne diferentes perfis

Em São Paulo, foram quatro atos; 131.246 pessoas já confirmaram presença no quinto, marcado para amanhã

TALITA BEDINELLI DE SÃO PAULO

Com flores amarelas e brancas nos cabelos, um grupo se reunia aos pés da escadaria do Theatro Municipal de São Paulo na última quinta-feira.

No topo da escada, conversava uma turma de cortes moicanos, jaquetas pretas com símbolos anarquistas e toucas cobrindo todo o rosto.

Do outro lado, jovens com bandeiras e camisetas amarelas, tênis e cabelos desgrenhados pintavam cartazes.

Eram da juventude do PSOL e estavam próximos de militantes do PT e do PSTU, parecidos --ao menos nas roupas.

Não muito longe, meninos do Anonymous, hackers que protestam invadindo sites do poder público, irritavam-se com a ostentação partidária.

"Tenho vontade de rasgar as bandeiras. Os caras estão fazendo propaganda. Só não rasgo para não criar briga no movimento", dizia um deles, um estudante de 26 anos que se identificou como Fênix.

Foi do Theatro Municipal que essas trupes diversas saíram em marcha. Uniram ali suas diferenças para lutar contra ao menos uma coisa em comum: o aumento na tarifa dos transportes públicos.

Para o Movimento Passe Livre, que convoca os atos, 20 mil pessoas participaram. Para a PM, 5.000. Foi o quarto protesto --três deles acabaram em confronto com a PM. Neste dia não seria diferente.

"Tem que haver amor", dizia Abner Mendonça, 20, estudante de história na PUC-SP.

Ele e amigos compunham a ala "paz e amor", que distribuía flores, iguais as que enfeitavam seus cabelos. Estavam preocupados com declarações do governo de que a polícia, agora, seria "mais dura".

"Não tem que haver violência de nenhuma parte", dizia Elisabeth Costa, 27, estudante de história da arte, na Unifesp.

Apontados como membros da ala violenta, os punks do topo da escada se defendiam.

"Quando a gente faz algo pacifista, a polícia reprime logo com bombas. Toda ação atrai uma reação", dizia um, que não quis ser identificado.

Mas o grupo reconhecia ter realizado em outros atos o Black Bloc --uma forma de ativismo que defende ações "para causar danos materiais às instituições opressivas". Na prática, picham paredes e quebram vidros de bancos.

Na multidão, um dos punks antifascistas acabava de ver um grupo de skinheads. Eles são inimigos e em dias comuns o encontro acabaria em briga. Naquele dia, se ignoraram.

A diversidade de manifestantes promete aumentar em novo ato amanhã, em Pinheiros. Até a madrugada de ontem, 131.246 pessoas confirmavam presença no evento pelo Facebook. Entre eles, um bancário, a gerente de uma multinacional e um guitarrista.


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