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Movimento promete atos em estradas até 5ª
Após governo obter liminar contra bloqueios, líder dos caminhoneiros afirma que orientação é não fechar pistas
Decisão prevê multa de R$ 10 mil por hora de via fechada; protesto é motivo de divergência entre entidades do setor
O líder da paralisação dos caminhoneiros, Nélio Botelho, afirmou que os protestos serão mantidos nas estradas brasileiras até as 6h de quinta-feira, conforme previsto na convocação da categoria.
Mas a orientação, de acordo com ele, é para que não ocorra interdição de pistas.
Segundo Botelho, que está à frente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), a intenção é fazer um ato "pacífico".
Ontem, rodovias foram fechadas pelos caminhoneiros, mesmo após o governo ter obtido na Justiça Federal uma liminar proibindo bloqueios.
A decisão judicial prevê que Botelho e o MUBC fiquem sujeitos a multa de R$ 10 mil por hora de via bloqueada.
"Tivemos a adesão de 90% dos caminhoneiros", afirmou o líder. Hoje, ele terá reunião na Casa Civil da Presidência para tratar do movimento.
LEI DO DESCANSO
O protesto, que ganhou força com a onda de manifestações realizadas pelo país, ocorre também em meio a pressões de empresários do agronegócio e do setor de bebidas pela flexibilização da Lei do Descanso, aprovada no ano passado.
Parte do setor de transporte, incluindo caminhoneiros, é contra mudanças propostas por comissão da Câmara dos Deputados para reduzir as restrições para que os caminhoneiros cumpram longas jornadas sem descanso.
O MUBC, assim como representantes de pequenas empresas de transporte e grandes companhias de cargas, quer mudar a lei para reduzir o horário de descanso dos caminhoneiros.
Outra entidade ligada aos autônomos, a Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), é contrária à mudança e criticou a paralisação, acusando Botelho de trabalhar pelos interesses de grandes empresários do setor de agronegócio.
A Unicam se alinha a sindicatos dos trabalhadores de transporte (que representam os caminhoneiros empregados) e aos sindicatos de empresas de transporte (que representam grandes companhias do setor), também contrários às mudanças na lei.
OPOSTOS
"O Nélio representa grandes empresários do agronegócio. Ele mesmo é um empresário e não defende interesses dos trabalhadores", disse José Araújo China, presidente da Unicam.
"Não reconheço essa pessoa [China] como representante dos caminhoneiros", rebateu Botelho.
O presidente do Setcesp (sindicato das transportadoras), Manoel Sousa Lima Júnior, afirma que a entidade é contra os protestos dos caminhoneiros.
"Temos que garantir o abastecimento dos supermercados, padarias, lojas, postos combustíveis."