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Cidade do interior paga salário de R$ 30 mil para segurar médico

Município de Mato Grosso tem dificuldade semelhante à de outros locais para atrair profissionais

'Não tem asfalto, não tem esgoto, nem água encanada', diz marido de médica que há 18 dias trabalha na cidade

FLÁVIA FOREQUE JOHANNA NUBLAT DE BRASÍLIA

Há 18 dias, Khariny Gonçalves e Silva, 33, assumiu a função de única médica de Novo Santo Antônio (MT), cidade a 1.100 km da capital do Estado. Salário: R$ 30 mil.

"Não tem asfalto, não tem esgoto, nem água encanada", diz Eleandro Turatti, marido da médica. "Para sacar dinheiro, são quatro horas de carro."

A estrutura que encontrou na unidade de saúde não era boa, mas está melhorando, diz Khariny. "O prefeito não sabe o que o posto precisa. Se peço um remédio, na outra semana está chegando."

Com grande rotatividade e dificuldade de fixar um médico, a prefeitura de Novo Santo Antônio --cidade de 2.000 habitantes-- diz que é obrigada a pagar salários elevados.

"Hoje temos a médica, mas deu trabalho. Pago R$ 30 mil para ficar. Se não for [esse salário], não vem médico. E esse valor mata o município", explica Lourivan Santos, secretário municipal de Saúde.

Mesmo após os descontos, o salário de Khariny, que faz jornada de 40 horas semanais e sobreaviso, é mais que o dobro dos R$ 10 mil líquidos anunciados pelo Ministério da Saúde para o programa "Mais Médicos" de fixação de médicos brasileiros e estrangeiros no interior.

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) tem dito que a prioridade será preencher as cerca de 10 mil vagas com os profissionais brasileiros.

Porém, a realidade de municípios do interior ou periferia das grandes cidades mostra que, com salários iguais ou superiores à bolsa, não é tarefa fácil fixar o médico.

Os motivos relatados por gestores variam: falta de estrutura da cidade, distância da capital e salários mais atrativos nos grandes centros.

O Conselho Federal de Medicina diz que é preciso estruturar carreiras para médicos.

ESTRANGEIROS

"Estou colada em Belo Horizonte, tenho duas UPAs [Unidade de Pronto Atendimento], ambulância, laboratório muito bom e um centro com especialidades médicas. E ainda tenho dificuldade", diz Kátia Barbosa, secretária de saúde de Santa Luzia (MG).

Desde janeiro, ela tenta preencher 21 vagas de médico, com R$ 12 mil líquidos. Ela não descarta estrangeiros e questiona o interesse de brasileiros na bolsa de R$ 10 mil.

Maria Neuman Azevedo, secretária de saúde de José da Penha (RN), a cerca de 400 km de Natal, concorda que a bolsa dificilmente atrairá o médico nacional. "Se for estrangeiro fixa, o brasileiro não fixa, não." A secretária, que oferece R$ 9.000 líquidos, tem duas vagas abertas.

Para José Fortunati, presidente da Frente Nacional de Prefeitos, haverá interesse dos brasileiros. Ele diz que, além da bolsa, os médicos terão moradia e alimentação custeados pelos municípios.

Procurado, o Ministério da Saúde não se pronunciou.


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