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Mortes por PMs de folga em SP batem recorde em dez anos

Homicídios cometidos por policiais fora do expediente subiram 52% em relação a 2012; em serviço, caíram 41%

Especialistas dizem que eles estão sob tensão após ataques; PM cita reação contra assaltos e 'ousadia' de ladrões

AFONSO BENITES DE SÃO PAULO

O número de homicídios cometidos por PMs de folga bateu recorde em 2013 em relação aos últimos dez anos no Estado de São Paulo.

Levantamento da Folha com base em dados da corregedoria da corporação mostra que esses profissionais foram responsáveis, de janeiro a julho, fora do horário de expediente, por 129 homicídios dolosos --intencionais, que envolvem desde crime passional até a reação a um assalto durante um bico ilegal.

É um crescimento de 52% em relação ao mesmo período do ano passado (85) e de 55% em relação a 2003 (83).

Para a corregedoria, em dois terços dessas ocorrências os PMs agiram para preservar a vida deles ou de outras pessoas.

De dez anos para cá, só em 2011 tinha havido mais de cem mortos por PMs sem farda nos sete primeiros meses do ano (na época, 109 casos).

O aumento da letalidade fora do horário de expediente ocorre ao mesmo tempo em que há redução das mortes provocadas por PMs em confronto, no serviço, conforme adiantou a Folha em junho.

O número caiu 41% nos primeiros sete meses deste ano em relação ao mesmo período de 2012.

Especialistas em segurança citam duas explicações:

1) Os PMs ainda estão sob tensão após ataques em 2012 terem provocado a morte de 106 deles (da ativa e da reserva); por isso, estariam mais propensos a reagir na folga.

"Quando você vê um monte de colegas seus sendo mortos, não pensa duas vezes antes de reagir a um assalto", diz Samira Bueno, secretária-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

2) Ao mesmo tempo, houve medidas da Secretaria da Segurança Pública para conter os confrontos de PMs em serviço, como novos procedimentos em perseguições (por exemplo, evitar entrar sozinho em imóvel invadido por ladrão) e a restrição ao socorro de crimes graves nas ruas.

COLETE

Por outro lado, a quantidade de PMs vítimas de homicídios caiu. De janeiro a julho de 2012, 42 policiais morreram na folga e nove em confrontos. No mesmo período deste ano, foram 28 mortos na folga e nove em serviço.

O comandante da PM, coronel Benedito Meira, diz que a elevação das mortes por PMs de folga ocorre principalmente porque os criminosos estão "mais ousados".

"Essas mortes acontecem em um contexto de aumento de crimes contra o patrimônio. Os policiais são parte da sociedade e, se ela é vítima desses criminosos, nós também somos", afirmou.

A diferença, no entanto, é que o policial costuma estar armado mesmo na folga e é treinado para reagir.

Segundo Meira, nesse cenário, a orientação dada nos quartéis é para que, mesmo na folga, os PMs usem coletes a prova de balas e ajam ao se depararem com um crime. "O PM tem o dever de agir, mesmo na folga", disse.


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