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O sumiço de 20 toneladas

Vigas de aço 40 metros removidas de viaduto da zona portuária do Rio desaparecem; empresa e prefeitura não têm explicações para roubo

DIANA BRITO DO RIO

Classificado até pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) de "inacreditável", o sumiço de seis vigas de aço, com 20 toneladas cada, que haviam sido removidas do viaduto da Perimetral, na zona portuária, intrigou ontem o Rio.

As peças, de 40 metros de comprimento e 60 centímetros de largura, estavam depositadas desde fevereiro deste ano em um terreno cedido pelo governo do Estado à Prefeitura do Rio, no Caju (região central).

O roubo, até ontem sem qualquer explicação, foi revelado pela "TV Globo".

A maior incógnita é como o material enorme e pesado foi retirado do terreno.

Especialistas acreditam que os criminosos tenham cortado as vigas com maçaricos para levar os pedaços em caminhões, já que seria necessário um guindaste para remover uma peça inteira.

A concessionária Porto Novo, responsável pela guarda do material, não soube dizer quando as peças foram vistas pela última vez. Segundo ela, não havia câmeras no terreno nem nos arredores.

Técnicos do município dizem que só se deram conta do crime anteontem.

REVITALIZAÇÃO

A remoção das vigas faz parte do projeto de revitalização do porto do Rio, que prevê a demolição do viaduto da Perimetral. Construído na década de 70, ele foi erguido com 26 mil toneladas de vigas de um material extremamente resistente, feito para durar séculos.

O aço utilizado é conhecido como corten, um produto tido como nobre na siderurgia, motivo pelo qual especialistas se recusam a denominá-lo na categoria de sucata.

Mesmo expostas à maresia há cerca de 35 anos, as vigas nem sequer apresentavam corrosões, e a Prefeitura do Rio tinha planos de leiloá-las.

Segundo o engenheiro Jaques Sherique, vice-presidente do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), o preço estimado do total de 120 toneladas de vigas furtadas chega a R$ 100 mil.

O prefeito do Rio disse que a concessionária Porto Novo (responsável pela obra de derrubada da Perimetral e revitalização do porto) terá que ressarcir os cofres públicos caso as peças não apareçam.

"Isso é um absurdo e ninguém imagina que se roubem vigas de não sei quantas toneladas da noite para o dia. Não faço ideia do que pode ter acontecido, acordei absolutamente surpreso com essa notícia, mas a responsabilidade é mesmo da concessionária, que vai ter que pagar por isso", disse Paes.

Até o fechamento desta edição, ninguém havia registrado o sumiço das vigas na Polícia Civil. O deputado federal Otávio Leite (PSDB) entrou com uma representação no TCU (Tribunal de Contas da União) para que o caso seja investigado.

80 CARROS

Com o volume de vigas roubadas, seria possível fabricar 80 carros populares, estima o vice-presidente do Crea-RJ.

Em nota, a concessionária Porto Novo afirmou apenas que "adotará todas as medidas cabíveis para apurar devidamente o caso".

A Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro), órgão ligado à prefeitura, informou que determinou à concessionária Porto Novo que desse início imediato à apuração dos fatos a fim de recuperar as peças e punir os responsáveis.


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