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Na zona leste, moradores enfrentam PM, queimam carros e param trens
Grupo protesta contra reintegração de posse, determinada pela Justiça, de terreno da CDHU
Circulação de linha da CPTM e de avenida foi interrompida; Tropa de Choque usou bombas de gás e de efeito moral
A reintegração de posse de dez terrenos da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no Jardim Pantanal (zona leste) causou confrontos entre moradores e a Polícia Militar ontem.
Dois carros foram incendiados por moradores --um de manhã e outro à tarde.
À tarde, um grupo bloqueou trecho da linha 12-safira da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), interrompendo a circulação em seis estações, e a avenida Doutor Assis Ribeiro, nos dois sentidos.
A retirada de cerca de 150 famílias dos terrenos pela Polícia Militar, determinada pela Justiça, começou às 6h.
A ação foi tensa na maioria das remoções, pois os moradores resistiram à desocupação. Alguns atiravam pedras nos PMs. A Tropa de Choque reagiu com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo.
Carla Martins, 30, atendente de telemarketing, disse que comprou a área onde construiu a casa para morar com os cinco filhos por R$ 50. "Gastei ainda quase R$ 2.000 com tijolos e derrubaram tudo."
Às 11h30, um grupo incendiou barracos em um dos pontos onde era feita a reintegração. Houve novo confronto.
Segundo a polícia, dois veículos policiais foram danificados e um manifestante foi detido à tarde. Às 16h50, um grupo pôs fogo em pneus sobre os trilhos da linha 12-safira --a mesma que havia sido interditada, na quinta, por moradores durante um protesto.
Os passageiros tiveram de desembarcar das composições. Às 18h40, a circulação já estava normalizada, mas as plataformas estavam lotadas.
Os moradores dizem não ter sido procurados para cadastro ou bolsa-aluguel. A CDHU nega e diz que os afetados devem procurá-la.
Segundo o diretor administrativo, Milton Dallari, a companhia tentou, sem sucesso, negociar a saída dos moradores. Ele disse que o local não será destinado a programa habitacional, mas à construção de equipamentos como uma escola técnica e um centro comunitário, dentro do processo de regularização da região.
ESTILHAÇOS
No confronto da manhã, o repórter-fotográfico Rivaldo Gomes, do "Agora", foi atingido por estilhaços de uma bomba atirada pela Polícia Militar. Ele sofreu ferimentos leves e recebeu medicação.