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Análise
Dificilmente a operação vai anular desgaste do novo IPTU
É CEDO PARA DIZER SE ESCÂNDALO AFASTARÁ KASSAB DA ÓRBITA DO PT
VERA MAGALHÃES EDITORA DO PAINELE eis que, em meio à pancadaria que está sofrendo por conta do salgado aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), Fernando Haddad desencadeia uma megaoperação para prender quatro "arefinhos", como foram apelidados internamente os quatro servidores envolvidos em fraudes estimadas em até R$ 500 milhões.
A investigação que resultou nas prisões vinha sendo tocada em caráter sigiloso há meses, sob responsabilidade de Mário Vinicius Spinelli, o controlador-geral do município, assessor que Haddad reputa uma de suas melhores escolhas para a equipe.
A deflagração das prisões estava prevista para meados do mês, mas o timing teve de ser pensado para evitar que o escândalo e as previsíveis associações entre o esquema de cobrança de propina com a gestão anterior, de Gilberto Kassab, não atrapalhassem a discussão do reajuste da tabela do IPTU na Câmara, onde o ex-prefeito ainda tem grande poder de influência.
Tão logo os vereadores confirmaram o aumento do imposto, os "arefinhos" tiveram sua identidade levada a público pela prefeitura.
Kassab, que não costuma passar recibo quando confrontado com acusações de corrupção, usou justificativa que já havia dado quando da aparição de Houssein Aref, o ex-responsável pelo Aprov que teve um patrimônio de milhões revelado pela Folha em 2012. Disse, novamente, que não foi ele quem nomeou nenhum dos acusados, todos eles funcionários de carreira.
É cedo para dizer se o escândalo, que foi chamado ontem pelo prefeito de um dos mais graves da história da cidade, terá o efeito de afastar Kassab da órbita do PT.
O ex-prefeito negocia tanto o apoio à reeleição de Dilma Rousseff, no plano nacional, quanto acordo com o PT em São Paulo. O tempo de TV de seu partido, o PSD, é essencial para a presidente.
Dificilmente, também, a operação anulará o imenso desgaste para a imagem do prefeito da capital provocada pelo aumento do IPTU.
Nas redes sociais proliferavam ontem protestos comparando o percentual médio de reajuste do imposto com os R$ 0,20 do aumento do preço das passagens de ônibus que foram o estopim para os protestos na cidade em junho.