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Na caçamba de Haddad

De madrugada, sem-teto fazem protesto com batucada em frente à casa do prefeito

MARTHA ALVES FELIPE SOUZA DE SÃO PAULO

A madrugada foi de batucada na rua do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

A tática é usada por torcedores para tirar o sono de atletas de times rivais às vésperas de jogos importantes.

Desta vez, o alvo foi o prefeito, mas atingiu principalmente os vizinhos, no Paraíso, na zona sul.

No meio do "pagode", improvisado da 0h às 5h com pedaços de madeira e pedras que ecoavam ao bater em uma caçamba, uma mulher entrou em trabalho de parto.

Grávida de nove meses, Jéssica de Jesus, 21, passou mal, teve de ser amparada por policiais militares e encaminhada ao hospital --que não confirmou sua entrada. Até a conclusão desta edição, seus companheiros de protesto aguardavam notícias.

O batuque na rua Afonso de Freitas reuniu ao menos 200 pessoas e varou a madrugada. O enredo era a luta contra a prisão de um integrante do MSTS (Movimento de Sem-Teto do Sacomã) e pela volta do fornecimento de energia elétrica em um prédio invadido no centro há dois meses.

O líder do movimento aproveitou a situação para gritar no megafone: "Haddad, mais um sem-teto está nascendo".

Eles queriam a libertação de José Edmilson Lins, 18, o Bilú, detido na manhã de anteontem, com a mãe e outro homem. Ele foi indiciado sob suspeita de furto de energia e desacato. Os outros foram ouvidos e liberados.

O barulho acordou a empresária Ana Elisa Komel, 48, que mora a cem metros do prédio de Haddad.

"Eles estão interferindo no espaço de outras pessoas. Esse tipo de coisa deveria ser feita na prefeitura, que é o local de trabalho do Haddad", afirmou a empresária.

Antes do ato, os manifestantes já tinham ficado das 10h às 15h na sede da prefeitura; depois, das 21h às 24h.

"Quero que o prefeito ligue para a Secretaria da Segurança e mande libertar o Bilú", disse Robinson Nascimento Santos, fundador do MSTS.

A catadora Edilene Francisca da Conceição, 39, mãe do detido, disse que o filho não é bandido. "Tenho 11 filhos e mato e morro por eles."

Os sem-teto afirmaram que vizinhos do prefeito atiraram ovos e pedras de gelo.

A PM acompanhou à distância. Um trecho da rua Afonso Freitas ficou interditado durante o protesto.

ACAMPAMENTO

Os sem-teto montaram barracas na noite de ontem em frente ao prédio da prefeitura e disseram que ficarão ali por tempo indeterminado.

O líder do movimento informou que o grupo não conseguiu falar com a prefeitura para discutir a questão.

Em nota, a Secretaria de Habitação informou ter atendido a liderança do grupo "diversas vezes."

Disse que o prédio ocupado foi adquirido pela Secretaria da Educação para abrigar equipamento público e que não haverá atendimento prioritário apenas por causa da ocupação.

Atualmente, 130 mil famílias estão cadastradas e aguardando, diz a pasta.


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