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Caixa-preta de ônibus é como fantasma, diz sindicato de viações

'Quando você tira o lençol, nada há embaixo', afirma novo presidente do SP-Urbanuss, que reúne as empresas

Para Francisco Christovam, imagem de que sistema de transporte em SP é ruim 'não é verdadeira'

ANDRÉ MONTEIRO DE SÃO PAULO

Após ter a lucratividade e a qualidade do serviço questionadas pelas manifestações, os empresários de ônibus de São Paulo decidiram contratar um técnico para representar o setor perante o poder público e a sociedade.

Desde setembro, o novo presidente do sindicato SP-Urbanuss é o engenheiro Francisco Christovam, que fez "99% da carreira do outro lado", como diz.

Seu primeiro emprego foi na extinta CMTC, onde chegou a presidente em 1993, momento em que era privatizada. Com seu fim, foi o primeiro a chefiar a SPTrans, empresa da prefeitura que gerencia o serviço das viações privadas.

Neste ano, a administração deve retomar a licitação do transporte, que foi adiada. O negócio deve ser o maior da história da cidade, estimado em R$ 46 bilhões por 15 anos.

Christovam diz que estuda novas formas de contratação.

Folha - A qualidade do serviço de ônibus é muito criticada. Como o setor vê isso?

Francisco Christovam - Ao longo do tempo foi se criando uma imagem do serviço que é muito ruim e que não é verdadeira, inclusive.

O cidadão sai de casa e encontra rua sem calçada, esburacada, mal iluminada, até chegar ao ponto de ônibus. Até esse pedaço da viagem, é por conta dele e de outros serviços. Quando ele entra no ônibus, e fica sob os nossos cuidados, começa a ficar bom para ele.

Mas a qualidade é boa?

Depende muito da hora. No pico, é crítico aqui e em qualquer lugar do mundo.

A idade média da frota é de cinco anos, são veículos bem conservados, só que trafegam numa pista horrível, esburacada. O passageiro desce do ônibus e às vezes se repete a situação de rua mal conservada. Aí você pergunta como foi a viagem, e o que você acha que ele diz?

A maioria dos atributos da viagem não está sob nosso controle, mas faz parte da avaliação. É legítimo, o cliente sempre tem razão.

Como melhorar?

Poder público e iniciativa privada devem sentar e buscar interesses comuns, porque eles existem e são fáceis de ser atingidos. Precisamos ver onde há problemas e atuar.

Agora, o setor público só ficar querendo fiscalizar no sentido de multar, de justificar para a sociedade que está cumprindo seu papel porque está aplicando uma quantidade enorme de multas, nosso problema vai ser nos defender de multas.

Tem de parar com essa coisa de brincar de gato e rato.

As manifestações pediam a abertura da caixa-preta do transporte. Ela existe?

A resposta é da ex-prefeita Luiza Erundina: quando abrir será um surpresa, verão que não tem nada. É como fantasma, quando você tira o lençol, nada há embaixo.

A caixa-preta não existe, é tudo publicado no "Diário Oficial". Não se pode mais ficar com essa conversa de que empresário só visa lucro. Você conhece algum empresário que só cuida de benemerência?

Aqui é um trabalho que precisa ter lucro, que é reinvestido, as empresas estão cada vez mais profissionalizadas. No passado havia a questão da sonegação, algumas empresas não recolhiam determinados tributos, mas hoje isso tudo é cruzado.

O que o setor espera na próxima licitação?

Só haverá bons resultados se houver disposição da prefeitura de sentar conosco. Em nenhuma atividade se consegue aumentar a qualidade e a quantidade e reduzir o custo.

Se querem melhorar a qualidade, oferecer mais lugares, ter mais ônibus rodando e querem pagar menos, essa fórmula não fecha.


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