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Opinião

Identificação com o personagem Félix pode representar desejo por renovação

BARBARA GANCIA COLUNISTA DA FOLHA

Pegar pela frente uma novela que nunca se viu mais gorda no último capítulo é capaz de dar problema.

A barata tonta aqui ficou girando no meio da sala e incomodando os profissionais de assistir novela: "Mas na novela an­terior também não tacaram uma menina na caçamba?", perguntei. "Você está confundindo caçamba com lixão, Barbara."

"E, vem cá: lembro da Zizi Possi cantando Per Amore'. Já não teve isso?" "Sssh! Cala boca, Barbara!" Por amor, muitos pecados são cometidos. Não vem ao caso, eu sei.

Neste último capítulo da novela das nove, nós estávamos reunidos na frente da TV aguardando o primei­ro beijo gay da TV Tapuia. Estávamos? Que sentido faz, no ano do Senhor de 2014, esse tipo de comoção? É para marcar a data em que os gays receberão uma caixa de bombons da Dilma? Não entendo.

Porque, veja bem, o papa já disse que deixa quieto e, por conta, tor­nou-se "homem do ano" da "Advo­cate", principal revista de direitos homossexuais do mundo; no calen­dário de nossas cidades a Parada Gay é data oficial; o casamento gay já foi capa até da "Veja" e a lei hoje abraça gays em par de igualdade com todas as famílias tapuias.

Por essas e tantas outras, o beijo gay, desconfio, estava mais na ponta da língua das revistas e sites de ameni­dades do que nos lábios do público. Embora, confesso, aqui em casa tenha sido tão comemorado quan­to gol do Neymar. Viva o amor! Mas o sucesso do Félix está em outro canto que não no seu carisma retumbante. Nós nos vemos em Félix.

Vítima do machismo, autoritarismo, atraso e da onipotência de um pai que não admite ser questio­nado, ele replica a impotência que sentimos. Mas como esta é a era da crise da autoridade paterna, nós só podemos estar sangrando por conta de outro tipo de "dominador".

Quem sabe não seja ele um Estado inflexível aos nossos apelos de mudança e renovação, em que os mesmos bigodes e a mesma turma se reveza no poder desde sempre?


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