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Ex-vedete Virgínia Lane morre aos 93 anos no RJ

Cantora e dançarina famosa pela beleza das pernas foi 'A Vedete do Brasil'

Estrela do teatro de revista no Rio, seu maior sucesso foi 'Sassaricando', marchinha de 1951

DE SÃO PAULO

"Eu sou uma mulher feliz. Quando morrer, quero banda tocando Sassaricando' no meu enterro." A declaração é da ex-vedete Virgínia Lane, em entrevista a um documentário em fase de edição, "As Grandes Vedetes do Brasil".

Ela morreu ontem à tarde no Hospital São Camilo, em Volta Redonda (RJ), aos 93 anos. A causa da morte não foi divulgada. A ex-vedete havia sido internada no dia 2, com infecção urinária.

O velório começaria na noite de ontem na Câmara Municipal de Piraí, a 89 km do Rio. Hoje o corpo segue para o teatro João Caetano, na praça Tiradentes, no Rio, para ser velado por algumas horas. O enterro será hoje no cemitério Memorial do Carmo.

Seu momento de maior projeção foi nos anos 50, quando era a grande estrela do teatro de revista da Praça Tiradentes. Recebeu então, do presidente Getúlio Vargas, a faixa de Vedete do Brasil.

Ela havia protagonizado em 1950 a revista "Muié Macho, Sim Senhor", de Walter Pinto. Com quadros musicais e cômicos, "era um elogio a Getúlio, uma espécie de campanha eleitoral na época", descreve Neyde Veneziano, diretora do documentário.

Virgínia Lane era especialista em "double sens", números de duplo sentido típicos do gênero. Em "Muié Macho", ela descia à plateia e cantava para algum espectador que o desejava por sócio: "Já sei que é competente/ para abrir o meu negócio".

Seu maior sucesso foi "Sassaricando", marchinha que marcaria o Carnaval de 1952 --e cujo impacto havia mudado o nome da revista de Walter Pinto em 1951, de "Jabaculê de Penacho" para "Eu Quero Sassaricá!", espetáculo co-estrelado por Oscarito e pela também vedete Mara Rúbia.

Nas últimas décadas, Virgínia dizia ter sido amante de Vargas. Em 2012, chegou a declarar à rádio Globo: "Eu estava na cama com ele quando entraram e mataram ele". Vargas se suicidou em 1954.

Carmem Verônica, também ex-vedete, afirma não ser verdade o envolvimento com o político, segundo Veneziano, que é autora de diversos livros sobre teatro de revista: "O que a gente pode dizer é que não é comprovado, mas não que é tudo mentira".

PERNAS ESPIRITUAIS

Nascida Virgínia Giaccone em 1920, no Rio, ela adotou o sobrenome de artista de um grupo de três irmãs americanas, Sisters Lane, de repercussão no Brasil dos anos 30.

Começou como "girl" (corista) no Cassino da Urca aos 15 anos. Fez carreira também nas rádios cariocas Mayrink Veiga e Splendid.

Mas só foi estrear em teatro de revista com a proibição dos cassinos, no final da década de 1940.

Tinha pouco mais de 1m50 e usava sandálias de plataforma alta. Chamava a atenção pelas belas pernas, que chegaram a ser descritas, na imprensa, como "espirituais".

Atuou em dezenas de filmes, como "Carnaval de Fogo", ao lado de Oscarito, Grande Otelo e outros nomes originalmente da Praça Tiradentes. E não demorou para chegar à TV então nascente.

"Uma das coisas mais simbólicas é que Virgínia foi a primeira vedete que entrou na casa da família brasileira, com o programa Espetáculos Tonelux', nos anos 50", destaca a historiadora Rosa Maria Araújo, que escreveu com Sergio Cabral o musical "Sassaricando "" E o Rio Inventou a Marchinha" (2007).

Em 2006, ela foi homenageada no último capítulo da novela "Belíssima" (Globo). E até hoje é homenageada diariamente na Confeitaria Colombo, às 17h, quando é servido o Chá Virgínia Lane. A marchinha diz: "O velho/ na porta da Colombo/ É um assombro/ Sassaricando".


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